A voz do povo
O Brasil precisa ser respeitado por outras nações do mundo. No passado deu forte contribuição internacional uma vez que participou, ao lado da Entente e dos Aliados, na duas guerras mundiais do século 20.
Por isso ninguém lhe dita um rumo, uma direção, um caminho. Os brasileiros sabem se posicionar diante dos grandes desafios internacionais sozinhos, e acompanham com interesse e acurácia o embate entre as duas maiores potencias econômicas e militares do mundo. Tem, por isso, que definir os rumos da nacionalidade neste mundo vertiginoso e já praticamente sem fronteiras.
O homem brasileiro participa, ainda que muitos não desejem, da vida internacional febrilmente como um expectador que ora eleva os olhos para o alvo da Lua ora espia o avanço das ciências que governos arrojados estimulam ao máximo para os resultados que abriram os horizontes de uma nova era. Não dorme nunca, quer liderar e não ser liderado, como diz o brasão da cidade.
O povo brasileiro é de tradições cristãs e democráticas e por isso pode dar uma contribuição para o entendimento internacional. O Brasil deu demonstrações claras quando assinou a Carta das Nações Unidas e ocupou a presidência da Assembleia Geral, quando foi criado o Estado de Israel. Diante disso só pode esperar respeito das potências, sobretudo da Europa.
Alemães e franceses não podem esquecer que pracinhas morreram na Itália para que pudessem voltar à democracia e ao estado de prosperidade que se encontram hoje. A voz do brasileiro deve ser ouvida e acatada, porque o Brasil fala, melhor do que ninguém, a linguagem da verdadeira democracia, essa que não distingue cores ou raças e que não se baseia em privilégios. Tem as portas abertas para o mundo, escancaradas mesmo.
A maior testemunha disso é a mídia internacional que tem ampla liberdade, dentro e fora do território brasileiro de escrever o que bem entende do pais. Os estadistas brasileiros jamais disseram aos aliados tradicionais do Brasil, que ele precisa criar aqui uma reserva. Já existe essa reserva material e moral para o futuro.
Por isso os brasileiros desejam ardentemente colaborar com os povos democráticos por todos os meios do seu alcance, resguardada apenas a juventude brasileira das guerras, uma vez que tem muita coisa para ser feita internamente. O Brasil vai se tornar uma potência internacional, quer queiram, quer não.
É uma fatalidade histórica. Uma potência que cresce com o sentido do universalismo, ampla e serenamente, capaz de preservar a civilização pela vocação cristã de sua vida. Será também uma potência econômica que vai servir de equilíbrio entre todos os povos. É isto que consta da abertura do programa de governo do candidato à presidência da república. Um conteúdo essencialmente populista.
O líder do PSP, Partido Social Progressista, Adhemar de Barros, lançou-se candidato ás eleições de 1960. Ex-interventor em São Paulo, nomeado por Getúlio Vargas e governador do estado. Ficou em um amargo terceiro lugar atrás do inimigo Jânio Quadros e do general Lott.
(*) – É editor chefe e âncora do Jornal da Record News em multiplataforma (www.herodoto.com.br).