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População paulistana em risco: Vem aí o Uber Moto

em Geraldo Nunes
terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Ano Novo, Vida Nova!

Todo início de ano é assim, as atenções da mídia se voltam para o trânsito por ser início de ano, período de poucas notícias por causa das férias e dos recessos no legislativo e judiciário.

O trânsito é um assunto problemático que sempre desperta polêmicas, mas desta vez a discussão vai ser grande

Já ouviram falar do Uber Moto?

Por este novo serviço por aplicativo, você chama o condutor que te dá uma carona em sua moto. 

O Uber Moto foi lançado nesta primeira semana de janeiro em São Paulo e também no Rio de Janeiro, onde o trânsito da mesma forma que aqui também é uma loucura.

A modalidade chegou ao Brasil em 2020 e já está presente em cerca de 160 municípios brasileiros, mas nada se compara ao tráfego das duas maiores capitais do país.

Somente na cidade de São Paulo, em 2020, quase 350 motociclistas morreram em acidentes dentro do perímetro urbano e em 2021 foram 394 mortes, média de 1,8 por dia, aumento de 16% entre um ano e outro, conforme o Infosiga.

Tudo isso, sem contar os 6.548 motoboys com ferimentos graves que hoje se recuperam das sequelas sofridas nos centros de reabilitação pagos pelo SUS.

A prefeitura paulistana informa que foi pega de surpresa e determinou que a empresa Uber seja notificada, e que o serviço ficará suspenso, pois ainda não está regulamentado no âmbito municipal.

Para os especialistas, antes de começar a usar o aplicativo de forma profissional, os motociclistas precisam:

1. Passar por uma série de cursos sobre a condução de passageiros

2.    Aprender a realizar primeiros socorros

3.    Entender a regulamentação de trânsito de cada município

4.    Passar por verificações periódicas

5.    Fazer manutenção da motocicleta

6.  Saber pilotar com garupa e passar por testes de habilidade


Na opinião deste repórter agora blogueiro, que tem acompanhado a situação do trânsito há mais de três décadas, transportar pessoas em uma moto, é bem diferente de se transportar mercadorias ou mesmo pizzas.

Existem passageiros que nunca andaram de moto e mesmo para quem viaja na garupa, é preciso ter um certo preparo.

Muitas pessoas nem se dão conta do risco que estão correndo ao embarcar como passageiras em uma motocicleta.

No carro se aprende a dirigir, na moto se aprende a pilotar. Percebem a diferença?

Justamente agora que a implantação da Faixa Azul em São Paulo, começa trazer bons resultados, surge essa nova polêmica.

A Faixa Azul estabeleceu para as motos a circulação por um “corredor exclusivo” à esquerda na Avenida 23 de Maio e mais recentemente, na Avenida dos Bandeirantes.

Esta regulamentação completou um ano, agora neste mês de janeiro, com a aprovação de 93% dos motociclistas e redução dos acidentes graves e mortes.

Atualmente, existem 1,3 milhão de motos circulando na Capital e, conforme o último balanço divulgado pela Secretaria Municipal de Transportes – SMT, não foram registradas mortes desde então nessas avenidas.


O avanço em termos de segurança, obtido pelas Faixas Azuis pode enfrentar um retrocesso se o Uber  para as motos for regulamentado.

Em nota, a empresa que promove caronas através de seu aplicativo, informou que já oferece viagens de moto desde novembro de 2020, em várias cidades brasileiras, mas nada se compara a São Paulo em volume de tráfego

“A modalidade está presente na região metropolitana desde o ano passado”, informa a Uber. Em diversas cidades brasileiras existem há anos serviços de Moto-Táxi, onde o conflito entre carros e motos é bem-menor. 

Há uma lei federal que regulamenta esses serviços no país e que pode ser adaptada de acordo com a legislação de cada município.

Entendo que a população paulistana que se aventurar a esse tipo de transporte correrá risco de morte. Não exagero em dizer que se trata de mais uma “tragédia anunciada”, caso de fato essa proposta seja aprovada.

Depois, não digam que não avisei! De todo modo faço votos para que todos e todas tenham, um feliz ano novo sem abusar da velocidade.

Fontes: Infosiga, Imprensa CET/SMT, Estadão Bairros e Portal G1