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É a economia, Amigo

em Colunistas, Heródoto Barbeiro
quinta-feira, 04 de abril de 2019

É a economia, Amigo

Economia vai bem, governo vai bem. Economia via mal… Esta é uma imagem diária de todos os brasileiros hoje. Mais do que nunca cidadãos buscam informações confiáveis sobre o comportamento da economia do país.

Os mais cuidadosos não se deixam impressionar pela espuma levantada pelas redes sociais unindo o sobe e desce da bolsa e do dólar, aos tuites da família presidencial, as falas dos ministros exóticos com suas propostas também exóticas. Ficam de olho nos fundamentos da economia, nas estruturas que podem indicar se o PIB vai crescer, o desemprego diminuir, uma inflação baixa, uma taxa de juros civilizada e dólar com rédea curta.

É compreensível que o mercado financeiro ajude a difundir essa espuma, afinal ganham dinheiro no sobe e desce e qualquer perna de grilo dá churrasco. Quem de fato quer entender o andar da carruagem ou melhor da economia, fica de olho no odômetro político e no velocímetro do PIB. É impossível separar um do outro uma vez que os dois fazem parte do painel do carro brasileiro, ainda que meçam coisas diferentes.

Por ocasião da eleição presidencial de Júlio Prestes o PIB per capta girava em torno de 4%. Mas a temperatura política estava a ponto de explodir a caldeira da normalidade constitucional do país. Mais uma vez o governo era acusado de ter fraudado o resultado da eleição e o candidato das oligarquias tradicionais tinha vencido. De outro lado a insatisfação com o resultado foi notório e isso proporcionou uma aliança entre as oligarquias dissidentes e o grupo militar conhecido como tenentistas.

O movimento resultou na derrubada do presidente Washington Luís e a ascensão de um oligarca gaúcho, que tinha sido ministro do governo dele, Getúlio Vargas. O velocímetro do PIB per capta despencou. Foi uma freada brusca na economia mundial a quebra da bolsa de valores de Nova York e a crise do capitalismo que se seguiu. Levou três anos para que o indicador se recuperasse e se chegasse à conclusão que o país não poderia ser sustentado economicamente por uma única coluna representada pelas exportações de café.

Era preciso diversificar as atividades nacionais, se possível, iniciando-se uma verdadeira revolução industrial, uma vez que os esforços de Mauá, no século 19, haviam se perdido. A instalação de uma ditadura varguista ajudou, a um preço muito alto, a manter os indicadores político e econômico sob controle. Pelo menos até a eclosão da segunda guerra. O PIB voltou ficou negativo.

O final da ditadura em 1985 registrava também uma perda de renda da população . Havia esperança que com um novo ambiente político, uma nova constituição, eleição direta para presidente da república a economia engatasse. Para muitos era o tão esperado take off, quando o avião deixa a pista e parte para o céu de brigadeiro. Mas não foi bem isso o que aconteceu.

O odômetro e o velocímetro enlouqueceram com as reviravoltas do carro. Ora acelerava, ora brecava fortemente. A inflação, dívida externa, alta taxa de juros, endividamento dos governos estaduais e federal abalavam a viagem e os investidores se queixavam que não havia segurança jurídica. A bala de prata do período Collor fracassou e a inflação só foi contida com uma paciente equipe de scholars capitaneados pelo professor FHC.

Foi um período em que se debateu que não adiantava acelerar o PIB sem uma melhoria nas condições de vida da população. Ou seja dividir o bolo econômico não importa o tamanho que tivesse. Essa melhora se deu durante o período do PT no comando do país, mas que culminou com uma nova e profunda recessão cujos efeitos são notados por todos.

Especialmente nas filas dos que buscam emprego.

(*) – É editor chefe e âncora do Jornal da Record News em multilataforma.