A realização de auditorias é um processo importante para auditores e auditados. Ambos os lados devem se preparar para detectar potenciais não-conformidades – ou falhas – no controle interno para corrigi-las, além de confirmar o alinhamento dos procedimentos da empresa.
São muitos os tipos de auditoria que um programa de compliance deve prever em seu calendário. Geralmente, uma empresa pode estabelecer auditorias internas para anteceder e preparar os setores para uma auditoria externa. Nesta primeira parte, separo os tipos mais frequentes relacionados às finanças.
Sem dúvida, a auditoria contábil está presente nos programas de compliance da maioria dos escritórios, até porque é obrigatória para empresas de grande porte, de acordo com a Lei 11.638/2007. Ela se faz com exames de documentos, registros e demonstrações contábeis, e visa descobrir erros ou fraudes que atentem contra o patrimônio da companhia ou contra as obrigações públicas.
A auditoria contábil deve se basear também em fatos não documentados, principalmente para a apuração de tentativas de encobrir não-conformidades, como omissão de receita, falhas em registros contábeis, inadequação quanto a padrões fiscais etc.
Dessa forma, quando a veracidade contábil é aferida, tem-se uma visão mais fiel da saúde financeira e patrimonial da empresa, realidade fundamental para a continuidade do negócio.
Já a auditoria de tesouraria foca justamente no fluxo de entrada e saída de recursos financeiros. Não se trata de opinar sobre as escolhas discricionárias da direção ou do conselho, mas averiguar se as movimentações foram feitas de forma proba.
Na auditoria de tesouraria, são analisados recibos, notas fiscais e livros, conferindo datas de entrada e saída, pagamentos a fornecedores, enfim, o necessário para rastrear os fluxos monetários e comprovar a lisura deles.
Finalmente, na auditoria de derivativos, são investigados títulos financeiros cujos preços derivam do preço de mercado de outro ativo, real ou financeiro. Os derivativos mais comuns são contratos a termo, futuros, de opções e swaps.
Por se tratar de modalidades de alta especificidade, auditar derivativos é complexo, e requer conhecimento e experiência por parte do auditor. Sendo assim, a auditoria torna-se mais onerosa, pois é executada a contento por poucas pessoas.
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Denise Debiasi é CEO da Bi2 Partners, reconhecida pela expertise e reputação de seus profissionais nas áreas de investigações globais e inteligência estratégica, governança e finanças corporativas, conformidade com leis nacionais e internacionais de combate à corrupção, antissuborno e antilavagem de dinheiro, arbitragem e suporte a litígios, entre outros serviços de primeira importância em mercados emergentes.