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Arqueólogas descobrem no Rio caminho secreto de Dom Pedro I

em Colunistas, Geraldo Nunes
sexta-feira, 29 de maio de 2015
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A baronesa de Sorocaba, Maria Benedita de Canto e Melo foi atacada a tiros, certa vez, em sua carruagem quando passava pela Ladeira da Glória, no Rio de Janeiro, e ao que tudo indica o atentado aconteceu a mando de sua irmã, Maria Domitila de Canto e Melo, a marquesa de Santos, amante oficial de dom Pedro I

mi 7519354429169069 temporarioO motivo foi ciúmes e tal procedimento azedou as relações dela com o imperador. O fato aconteceu em 1827 e, um ano antes, aconteceu o falecimento de dona Leopoldina ficando vago o cargo de imperatriz. Domitila sonhava em ocupar a vaga, mas sua atitude ajudou a cair por terra seus anseios. Afinal, ela já sabia que sua irmã frequentava a cama do Imperador desde os tempos das primeiras visitas de dom Pedro à casa dos Canto e Melo, em São Paulo, ainda quando este era príncipe regente.

Foi a marquesa de Santos quem de fato despertou graça ao herdeiro do trono, mas Maria Benedita, irmã mais velha engravidou um pouco antes que a irmã. O romance com Domitila tornou-se rumoroso enquanto que o caso com Benedita foi tratado com mais discrição pelo fato dela ser casada. Mesmo assim, já no Rio de Janeiro, o monarca usava a desculpa de sair em retiro ao Outeiro da Glória para visitar a baronesa de Sorocaba, que vivia num casarão próximo à igreja.

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Agora arqueólogas que trabalham nas escavações de um terreno no entorno da Villa Aymoré, no Rio,

Elas já recolheram cerca de 30 mil peças, com vestígios do século XVIII ao século XX e um dos que mais surpreenderam foi este caminho que estava atrás de onde estão as casas da Villa Aymoré. “Trata-se de um sítio arqueológico constituído por uma estrutura de caminho de pedra de mão, com cerca de cem metros, que se conservou, apesar dos anos de abandono”, disseram as pesquisadoras informando que esse caminho era utilizado pela baronesa para ir à igreja e dom Pedro seguia para lá usando o atalho. em busca de informações sobre o passado do lugar, encontraram um trecho do antigo caminho privativo que ligava o casarão da baronesa ao outeiro. “Feito de calçamento pé de moleque, ele ainda guardava alguns dos furos usados para apoiar as tochas que iluminavam o lugar à noite e estava em ótimo estado de conservação”, disseram as arqueólogas Jackeline de Macedo e Ana Cristina de Oliveira Sampaio que desde 2010 trabalham no monitoramento da área.

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Nas pesquisas as arqueólogas também encontraram no terreno recortes de jornal sobre a Primeira Grande Guerra descobertos dentro de um objeto de metal. O trecho encontrado estava escondido por uma camada de 2 metros e 40 centímetros de entulho e areia, que se acumularam em muitas décadas.

No livro “1822” escrito pelo jornalista Laurentino Gomes, se explica que dom Pedro como colecionador de amantes namorava as duas irmãs ao mesmo tempo e que o marido de Maria Benedita administrava alguns bens do imperador. A casa da baronesa foi palco de muitas festas reunindo a nobreza da época. Dessa fase ficaram pedaços de alguns utensílios domésticos, achados pelas pesquisadoras. A lista do que foi encontrado inclui ainda vidros de perfume, potes de pasta de dentes, escovas de dentes e moedas antigas.“A área foi ocupada no início do século XX para a construção da Villa Aymoré, dez casas geminadas construídas por Maria José de Seabra, que impactaram de forma decisiva no trajeto deste caminho, pois algumas das casas, a 9 e a 10, foram construídas numa parte do trajeto levava à antiga casa da baronesa Maria Benedita”, explicaram. Em 1848, a residência chegou a ir a leilão, mas não se sabe se este foi concluído. A mansão ficou abandonada e acabou sendo ocupada por mais de 80 famílias. Virou cortiço e terminou demolida na década de 1970.

Outros achados:Recortes de jornal sobre a Primeira Guerra foram descobertos dentro de um objeto de metal.

Entre 2010 e 2015, foram recolhidas 30 mil peças do terreno onde está a Villa Aymoré, na Glória – Rio de Janeiro, das quais se destacam:

Ana Cristina e Jackeline, arqueólogas, no atalho que Dom Pedro I utilizava.

Fivela de Cinto: A peça, sem data, foi encontrada no terreno junto ao caminho da baronesa.
Anestésico: Um vidro com tampa conta-gotas de origem alemã, do final século XIX, também foi recolhido.

Louças: A equipe descobriu um grande volume de faianças francesa e portuguesa do século XIX.
Moedas: Entre as achadas, havia uma com a imagem de dom Pedro I, de 1823/1830
Cachimbos: Associados aos escravos, estão no material reunido pelas arqueólogas.
Cápsula do Tempo: Foi achado um pequeno pedaço de metal com dois recortes de jornal com notícias sobre a Primeira Guerra Mundial.
Joia: Anel de olho de tigre com prata, da era vitoriana.

(*) Geraldo Nunes, jornalista e memorialista, integra a Academia Paulista de História. ([email protected]).