Como o profissional da área fiscal será impactado em 2025

em Carreira e Mercado de Trabalho
segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Yvon Gaillard (*)

O mercado de trabalho no setor fiscal vive hoje um período de enorme transformação. Para amanhã – e aqui falo metaforicamente – será preciso contemplar novos aspectos, passando principalmente pela adição de habilidades comportamentais valiosas, como pensamento crítico, inteligência emocional e resolução de problemas.

Tal combinação passa a ser altamente valorizada principalmente por conta de um novo cenário moldado por tecnologias como inteligência artificial (IA) e automação fiscal. De acordo com a pesquisa Tax do Amanhã, realizada pela consultoria Deloitte, atualmente, 12% das organizações respondentes utilizam inteligência artificial em suas operações, evidenciando um espaço para aumento do uso de tecnologia nas atividades tributárias.

As soluções de automação têm transformado tarefas repetitivas, como preenchimento de formulários e recolhimento de impostos, tornando esses processos mais rápidos e precisos. Além disso, ferramentas de IA oferecem suporte estratégico ao analisar grandes volumes de dados e fornecer insights preditivos, auxiliando na tomada de decisões.

Dessa forma, a tecnologia não apenas otimiza o trabalho operacional, mas também consolida o profissional de tax como um elemento estratégico nas empresas. Outro dado importante apontado pelo estudo da Deloitte mostra que entre os principais desafios das organizações estão a contratação de profissionais qualificados, o aumento da complexidade tributária e a necessidade de investimentos na área fiscal.

Diante desse cenário, é essencial reorganizar operações e investir em treinamentos para manter equipes atualizadas em tecnologia e legislação, especialmente com as mudanças trazidas pela reforma tributária.

. Técnicas combinadas – No entanto, o uso dessas tecnologias exige mais do profissional. Não basta operar sistemas avançados; é crucial interpretá-los e utilizá-los de forma estratégica para gerar insights relevantes para o negócio. Por isso, o mercado já demanda especialistas híbridos, que combinem domínio técnico com habilidades humanas. Comunicação clara, adaptabilidade e o conhecimento do segmento de atuação tornam-se diferenciais competitivos.

Essa exigência, obviamente, vai além do domínio do aspecto técnico. Profissionais que entendem profundamente setores como varejo ou energia têm uma vantagem competitiva. Afinal, personalizar o uso de tecnologias para atender às necessidades de cada segmento econômico é o que realmente agrega valor. Isso exige um esforço contínuo de atualização e especialização, seja por meio de cursos, participação em eventos ou aprendizado autônomo.

Diante de todo esse cenário, a adaptação ao avanço tecnológico é mais do que uma opção, mas uma necessidade. Profissionais que investirem em capacitação terão maior relevância em um mercado cada vez mais competitivo e digital. Já os que resistirem a essas mudanças correrão o risco de se tornarem obsoletos diante de ferramentas que executam, com rapidez e precisão, funções que antes eram exclusivamente humanas.

Olhando para 2025, esse especialista terá um papel mais estratégico, focado em análises profundas e orientações baseadas em dados. A IA e a automação fiscal ainda estão longe de substituir o profissional, mas já ampliam drasticamente suas possibilidades. Cabe a cada um decidir como se posicionar nesse novo cenário: como espectador ou protagonista.

(*) É economista e CEO da Dootax (https://dootax.com.br).