Julio Gavinho (*)
Louis Daniel Armstrong foi um cantor e instrumentista nascido na aurora do século 20, e foi considerado “a personificação do jazz”.
É famoso tanto como cantor quanto como solista com seu trompete, e há quem diga que ele inventou toda uma moderna forma de somar notas a uma melodia. Mr. Armstrong acreditou na possibilidade de mudar o status quo vigente, construindo algo novo. Ao colocá-la aqui no meu toca-discos, lembrei-me de vários filmes, comerciais e clips que buscam achar esperança em cenários de guerra ou dor, por meio de sua bela melodia e palavras. É, que mundo maravilhoso!
Óquei, eu também quero meu mundinho maravilhoso. Acabei refletindo sobre qual o setor de turismo e hotelaria que eu desejo para o nosso quintal, onde somos nós, os empresários e executivos da linha de frente, quem definimos as políticas e investimentos do orçamento anual. Estava refletindo sobre como seria meu “… wonderful world, de maneira produtiva e construtiva.
Neste meu devaneio temos um único ministério (ou autarquia, jamais as duas!) que toma suas decisões através de pesquisa de mercado, avaliações de câmaras setoriais e claro, da experiência de operadores de receptivo e dos hoteleiros. Um ministério que cobra ações de seus pares sobre segurança pública que protejam nossos turistas, e claro nossos compatriotas. Um gerador de orçamento e verbas do erário em prol de novos e suados empregos em restaurantes, hotéis, bares, agências de viagens e companias aéreas.
Por entre as belas notas desta canção, consigo antever reuniões periódicas de um grupo de uns 25 representantes, um de cada estado, unindo agências e hotéis, transporte e atrações. Este valioso certame seria bimensal e produziria propostas de políticas públicas, propostas ao legislativo e outras ideias particularmente para brigar muito por um quinhão maior de orçamento de marketing.
Sim! Este grupo terá as pesquisas em mão, bolará as estratégias comparativas e definirá algum poderoso benchmarking para monitorar sempre. Quem sabe o seria o México? Ou a Tailândia? A Austrália? Será alguém decerto, lindo e cheio de turistas, mas que “more” longe e tenha características únicas. Quem sabe a Índia?
Enquanto me afogo nos riffs e temas de tão poderosa canção, oro por um setor abraçado ao redor de um único projeto para todos e que construa oportunidades sólidas para empresários e empreendedores individuais; que ofereça vagas de emprego para profissionais com baixa escolaridade e alta necessidade; e que, quem sabe um dia, consiga reunir os valiosos profissionais que temos no Brasil, ao redor de um projeto forte e que se sustente e, principalmente, que não precise de governo. Governo? Nem tanto para fundos nem tanto para mundos.
Neste meu livre pensar positivo, teríamos secretarias de turismo com 2, 3 servidores no máximo. Afinal, se trabalhamos por nós, porque precisamos pagar salários e benefícios de 10, 20, 50, 100 servidores obrando por turismo e hotelaria? Na minha viagem, sem droga, seríamos estudo de caso em universidades como Cornell, sobre como reverter a pobreza em bolsões carentes através da criação de produtos turísticos, fluxo de viajantes e segurança para todos.
A faixa termina, meu copo seca e meu charuto acaba. De tão motivado pelo assunto e por meu lampejo de boa vontade, tomo uma decisão drástica: vou tocar “What a wonderful world” de novo.
(*) – É executivo da área de hotelaria com 30 anos de experiência, fundador da doispontozero Hotéis, criador da marca ZiiHotel, sócio e Diretor da MTD Hospitality.