Murillo Torelli (*)
O Brasil, país de vastas riquezas naturais e um potencial econômico inigualável, parece estar em um voo de galinha. E o pior está reservado para o final desse voo, o momento em que a galinha está prestes a cair.
Um dos fatos que merece atenção especial é o Investimento Estrangeiro Direto (IED). De janeiro a julho deste ano, o IED no Brasil caiu assustadoramente, registrando uma queda de 32%, totalizando apenas US$ 33,6 bilhões. Comparado ao mesmo período do ano anterior, em que o país atraiu US$ 49,2 bilhões em investimentos estrangeiros, a queda é alarmante. A pergunta que fica é: estamos em risco? Por que estamos afugentando o investidor externo? Nossas empresas estão com saúde financeira?
Portanto, resolvi analisar a previsão de falências de empresas, que é um tema de interesse crescente, tanto no meio acadêmico quanto entre instituições financeiras e governos. A previsão de falência é uma ferramenta crucial para avaliar riscos e tomar decisões de crédito. Um dos métodos tradicionais para prever falências é a fórmula do Z-Score, criada em 1968 por Dr. Edward I. Altman. Essa fórmula é usada para estimar a probabilidade de uma empresa entrar em falência nos próximos dois anos.
De acordo com dados da Serasa Experian, que monitora as recuperações judiciais e falências, as notícias não são boas. No primeiro semestre de 2023, 357 falências foram decretadas, em comparação com 342 no mesmo período do ano anterior. Além disso, as recuperações judiciais aumentaram significativamente, de 330 em 2022 para 485 em 2023. Vale ressaltar que a recuperação judicial geralmente pode preceder a falência, o que sugere que um número ainda maior de empresas pode estar à beira do colapso.
Esses indicadores são um chamado urgente para ações eficazes por parte do governo. Medidas para reverter a tendência de queda nos Z-Scores, promover o crescimento econômico e criar um ambiente de negócios mais favorável são essenciais para evitar uma crise econômica mais profunda. A estabilidade financeira das empresas é vital para o bem-estar econômico do país como um todo.
O atual governo brasileiro parece não inspirar confiança nos investidores estrangeiros e buscar um processo de melhora no cenário econômico. As incertezas sobre a continuidade das privatizações, o crescimento do déficit público, as interferências nas políticas do Banco Central e outras medidas controversas estão minando a credibilidade do país. Além disso, a postura em relação a outros países, como o apoio a regimes autoritários e a falta de alinhamento com valores internacionais, levantam preocupações adicionais.
Para atrair investidores estrangeiros e garantir a estabilidade econômica, o presidente Lula da Silva precisa adotar medidas concretas e demonstrar que o Brasil é um país sério e confiável. Isso inclui o compromisso com políticas econômicas sólidas, a promoção de um ambiente de negócios favorável e a garantia de segurança jurídica para os investidores.
Se o Brasil quiser evitar uma queda abrupta no cenário econômico, é fundamental que o governo aja com responsabilidade e evite os erros do passado. O país não pode se dar ao luxo de repetir os modelos fracassados que o levaram a crises anteriores. A estabilidade econômica e a confiança dos investidores são essenciais para garantir um futuro promissor para o Brasil. Caso contrário, o voo de galinha pode terminar de forma catastrófica, com consequências devastadoras para a economia e a população brasileira.
(*) Professor de Contabilidade Financeira e Tributária no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).