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Tecnologia da informação verde ganha importância

em Artigos
quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Vivaldo José Breternitz (*)

A TI Verde vem ganhando importância, focando-se nos “data centers”.

Tecnologia da Informação Verde, TI Verde ou Green IT são termos utilizados para designar o uso de recursos da TI. A com a preocupação de reduzir o consumo de energia e os impactos ambientais gerados pela produção e descarte de equipamentos eletrônicos. O tema começou a ser discutido em 1972 durante a Conference on the Human Environment, promovida pela ONU e realizada na Suécia.

O foco do evento foi a discussão das interações dos seres humanos com o meio ambiente; pode-se dizer que nesse evento surgiu o atual conceito de sustentabilidade, uma ideia ligada a estratégias de uso consciente dos recursos naturais, de modo a garantir sua conservação para as futuras gerações.

Em 1992, a U.S. Environmental Protection Agency lançou o Energy Star, um programa ao qual as empresas produtoras de equipamentos eletrônicos aderiam voluntariamente e era destinado a promover e reconhecer a eficiência energética de terminais de computador, aparelhos de televisão, condicionadores de ar e outros equipamentos. Um resultado marcante desse programa foi a criação do sleep mode, adotado em equipamentos de uso doméstico e de escritório; o programa ampliou-se, tornando-se um padrão internacional.

Na mesma época, a organização sueca TCO lançou um programa de certificação destinado a promover a redução das emissões eletromagnéticas dos terminais de computador; mais tarde, o programa foi expandido, passando a abranger também consumo de energia, aspectos ergonômicos e o uso de materiais perigosos na construção de equipamentos de computação.

Na atualidade, a TI Verde vem ganhando importância, focando-se nos “data centers”: cerca de 1% de toda a energia elétrica produzida no mundo vai para essas instalações, sendo utilizada não apenas para fazer as máquinas funcionarem, mas também para refrigerá-las; computadores geram muito calor e tem problemas para funcionar em ambientes aquecidos.

Além disso, os “data centers” se concentram no hemisfério norte, onde parte considerável da energia elétrica é produzida a partir da queima de carvão e petróleo, grandes geradores de gases causadores do efeito estufa. Nessa área, a ideia é tornar o hardware e os sistemas de refrigeração mais eficientes, bem como acelerar o uso de energias renováveis, como a solar e a eólica.

O descarte de equipamento eletrônico de forma inadequada gera danos ao meio ambiente. Esses produtos são compostos por substâncias altamente tóxicas, como berílio, mercúrio e chumbo, por exemplo, que podem contaminar o solo e as águas. Além desses, outros materiais como vidro e plástico demoram muito tempo para se decompor e seu descarte inadequado gera lixo que ficará no meio ambiente por séculos.

Sem o devido cuidado, o descarte desses materiais pode gerar graves problemas de saúde pública; por outro lado, reciclá-los pode produzir resultados financeiros muito interessantes. O assunto é importante a ponto de ter sido tratado de forma explícita no Plano Nacional de Resíduos Sólidos, elaborado pelo Governo Federal.

As empresas, além de preocuparem-se com esses aspectos devem desenvolver ações de conscientização para informar e motivar seus empregados e público externo a adotarem práticas de sustentabilidade no cotidiano, como redução de impressões, desligamento de equipamentos que não estão em uso, entre outras.

Há um ponto a observar: algumas empresas estão praticando o greenwashing, neologismo derivado das palavras green (verde), e whitewash (branquear ou encobrir), que é um termo utilizado para indicar o uso de técnicas de marketing e relações públicas para expressar uma falsa preocupação com o meio ambiente; sempre que possível, casos como esses devem ser denunciados de forma a desencorajar sua prática

Uma genuína preocupação com o meio ambiente e procurar manter o tema na pauta de todos, certamente contribuirá para o tornar a TI mais verde e o meio ambiente mais saudável.

(*) – Doutor em Ciências pela USP, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.