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Supersafra de arroz não impede alta da cesta básica em 2025

em Artigos
sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Gustavo Defendi (*)

O Brasil projeta uma supersafra de arroz em 2025, trazendo um cenário de otimismo, após um 2024 marcado pelos desafios climáticos. As enchentes no Sul e a irregularidade das chuvas reduziram a produção do grão, diminuindo a oferta. Para 2025, as expectativas apontam para uma recuperação significativa, com melhores condições climáticas e investimentos em tecnologia agrícola. Essa alta na produção deve aliviar os preços do arroz, com estimativa de queda de mais de 5% no valor do produto.

No entanto, outros alimentos devem ter alta expressiva, impactando diretamente a cesta básica das famílias. A combinação de câmbio elevada e oferta restrita deverá elevar os preços dos alimentos em mais de 7% em 2025, produtos como carnes, café e óleo de soja estão entre os itens mais afetados, com variações projetadas entre 4,5% e 11%.

O preço da carne bovina, por exemplo, já apresenta alta significativa. Em outubro de 2024, a arroba do boi gordo alcançou 300 reais, o maior patamar em 20 meses, conforme estudos do setor econômico. A baixa oferta de gado pronto para o abate, agravada pela seca e queimadas, contribui para a pressão nos preços, impactando diretamente no custo da carne e do leite.

A perspectiva para o próximo ano é de preços mais elevados com a arroba do boi podendo subir entre 10% e 20%. A carne de frango e os ovos também devem acompanhar a tendência de alta, com aumentos previstos de 5,3% e 6,2%, respectivamente. O óleo de soja pode subir até 8%, apesar da previsão de safra recorde, devido à valorização cambial e à alta demanda por biodiesel.

No caso do café, a situação é ainda mais preocupante, com estimativa de alta de 11% em 2025, impulsionada pela seca e pela menor produtividade das máquinas. O câmbio alto aumenta os riscos inflacionários desses produtos, principalmente para o café, trigo e óleo de soja e as empresas já repassam os custos ao consumidor.

Arroz, feijão, tubérculos e hortaliças têm projeções de queda de preços, favorecidos por condições climáticas mais favoráveis. A ausência de fenômenos atmosféricos e de chuvas acima do volume, entre outros, pode permitir safras robustas e uma inflação alimentar dentro da meta, ajudando as famílias de baixa renda a preservar o poder de compra.

Apesar de possíveis reduções em itens específicos, o cenário geral para 2025 aponta para uma cesta básica mais cara e as famílias devem sentir o peso no bolso, com aumentos significativos em produtos essenciais. O desafio para os consumidores será equilibrar o orçamento em um ano de contrastes no mercado de alimentos.

(*) – É sócio-diretor da Real Cestas (https://www.realcestas.com.br/).