Haroldo Matsumoto (*)
Nenhum de nós jamais imaginou passar quase metade do ano de portas fechadas.
De acordo com economistas de diferentes áreas de atuação, a crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus é a mais grave já enfrentada por governos, famílias e empresas em todo o mundo. Até o momento, o impacto sofrido pela cadeia produtiva e as consequências para o emprego e o consumo são mais amplos e intensos do que os enfrentados na crise de 2008.
Para que possamos ter uma ideia, em 2008, o PIB do Brasil cresceu mais de 5%. A previsão é de que em 2020 tenhamos uma queda de mais de 5%. Meu objetivo aqui não é ser pessimista. Meu desejo, assim como o da maioria dos brasileiros, é de que nosso país retome o crescimento, possa se recuperar economicamente o mais breve possível e que não enfrentemos tão cedo outra crise, seja ela política, econômica, de saúde, etc.
O fato, porém, é que o Brasil já passou por oito recessões desde a década de 1980 e, infelizmente, é possível que enfrentemos algumas outras crises no futuro, incluindo outras pandemias, segundo profissionais da área de saúde. Por conta disso, pergunto: a sua empresa está preparada para enfrentar crises? Sei que o momento é complicado.
Os empresários e empreendedores estão tentando equilibrar uma série de pratos, como o pagamento de funcionários e de fornecedores, aluguel do ponto comercial, impostos, além de precisar investir em itens de higiene e segurança, conforme orientações dos governos e órgãos de saúde, prestar atenção aos horários de funcionamento permitidos, ser criativo para chamar a atenção do consumidor e conseguir comercializar seus produtos ou serviços.
No entanto, em paralelo, é preciso não só planejar os próximos passos do negócio, mas estruturar um plano para enfrentamento de crises futuras. É importante ter um Plano de Continuidade de Negócios. O conteúdo e os componentes de um plano como esse vão variar de uma empresa para outra e podem ter níveis de detalhamento de acordo com a complexidade técnica e cultura de cada negócio.
É interessante que todos os departamentos da companhia sejam avaliados e “cobertos” com medidas preventivas. Para isso, é importante avaliar os pontos fortes e fracos da empresa e, com base nessa análise, estabelecer os riscos possíveis. Depois, é hora de avaliar de que maneira essas ameaças podem impactar a empresa e, por fim, estabelecer um planejamento estratégico com orientações sobre as medidas que precisam ser adotadas para a retomada das operações.
Também é válido ter um Plano de Contingência previamente estabelecido. Ele será utilizado caso todas as medidas preventivas falhem. Ter todos esses cenário traçados e pensar nas consequências obviamente não vão, por si só, livrar as empresas ou fazer com que elas passem ilesas por crises.
Porém, podem ajudar a minimizar os impactos para o negócio. Nenhum de nós jamais imaginou passar quase metade do ano de portas fechadas, com autorização para que apenas o essencial funcionasse nas cidades. Isso não impediu que essa se tornasse uma realidade no mundo inteiro e que, somente no Brasil, mais de 700 mil empresas deixassem de existir.
Agora que já temos essa experiência, por que não adotar medidas que possam resguardar empresas e empregos especialmente entre as PMEs?
(*) – Especialista em gestão de negócios, é sócio-diretor da Prosphera Educação Corporativa, consultoria multidisciplinar com atuação entre empresas de diversos portes e setores da economia.