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Startups, ESG e a construção do futuro

em Artigos
segunda-feira, 09 de janeiro de 2023

Carolina Cabral (*)

O mercado de startups nunca foi tão concorrido: em 2022, o Brasil registrou 11.562 delas, de acordo com um levantamento da Cortex.

A pesquisa ainda mostrou que, desse total, 28% são do segmento de Tecnologia da Informação, 22% da área de serviços e 16% do varejo; 11% são da área industrial e 6% da financeira. Só o Estado de São Paulo concentra 50% do total de empresas com este perfil. Dá para entender agora porque é tão importante iniciar as operações com o pé direito, e isso passa invariavelmente por mergulhar de cabeça e levar a sério políticas ESG – sobretudo por causa da necessidade de captação de recursos.

A razão é simples: empresas negligentes com o meio ambiente e com a sociedade não são vistas com bons olhos pelo mercado. Um estudo feito pela plataforma Distrito, denominado Inside ESG Tech Report, indicou que as startups focadas em soluções ESG captaram US$ 991 milhões (cerca de R$ 5,48 bilhões), desde 2011.

Várias delas são do tipo B2B, ou seja, atendem outras empresas, como Ambev, Natura, Votorantim e Itaú. Esses valores tendem a crescer cada vez mais, de acordo com as projeções. Dados da PwC dão conta de que o investimento em negócios que se preocupam com as pessoas e com o planeta deve atingir US$ 4,3 trilhões até 2030.

A grande questão é que muitas empresas nascem sem um planejamento concreto voltado para esta mentalidade. Embora os empreendedores saibam da importância do ESG para os negócios e tenham interesse em desenvolver iniciativas nesse sentido, a adesão às boas práticas ainda é limitada. Falta direcionamento e há muitos desencontros entre intenção e ação efetiva.

Em muitos casos, há iniciativas, mas falta uma estratégia que integre as boas práticas.
Mas, afinal, como as startups podem aplicar mais o ESG e se empenharem nessas ações? Primeiro, é preciso ter em mente que o ESG é uma sigla que vem do inglês Environmental, Social and Corporate Governance, que pode ser traduzida para Governança Ambiental, Social e Corporativa. Ou seja, é preciso considerar esses três pilares na hora de planejar.

No que tange à questão ambiental, há muitas iniciativas que podem ser aplicadas, como por exemplo, a logística reversa (reutilizando materiais que chegaram ao fim do seu ciclo produtivo), a energia renovável (investindo em fontes de energia limpa, como fotovoltaica, eólica, entre outras) e a redução do consumo (adotando também práticas de consumo consciente, seja no ambiente interno ou na fabricação de seus produtos).

A relação entre o ESG e o meio ambiente é umbilical, uma vez que o valor de uma empresa está atrelado não somente a resultados financeiros, mas também a conquistas não materiais que refletem a missão e os propósitos de uma marca e a contribuição dela para a sociedade.

Sobre as questões sociais, há muitas ações que podem melhorar a relação da empresa com a sociedade. Projetos sociais, projetos de diversidade e inclusão e também de preservação de dados – o leque é muito grande, principalmente porque as iniciativas podem ser direcionadas para a comunidade, para os clientes e também para os próprios colaboradores.

Inclusive, no eixo Social encontra-se também a relação com fornecedores. Avaliá-los do ponto de vista dos critérios em ESG em relação a trabalho infantil, trabalho escravo, atuação em áreas desmatadas ou queimadas, promovendo transparência na relação, também faz parte da cultura ESG e é algo valioso para o mercado. Na área de Governança, é preciso contar com práticas que promovam a transparência: mais do que divulgar informações obrigatórias, ela deve fazer parte da gestão como um princípio.

Divulgar informações claras, objetivas e compreensíveis a todos os interessados em seu negócio. Para isso, a tecnologia pode trabalhar a nosso favor, apoiando na Gestão da Governança Corporativa. As startups que nascem agora precisam saber que têm a responsabilidade de gerar impactos positivos na transformação social e ambiental.

Isso precisa mover os empreendedores, porque, no fim das contas, todos ganham: a startup, que consegue atrair capital; os investidores, que têm ótimo Retorno Sobre o Investimento e a sociedade, que consegue suprir suas necessidades sem comprometer as gerações futuras.

É assim que esperamos construir o futuro.

(*) – é CEO da Nimbi (https://nimbi.com.br/).