Hans Paul Mösl (*)
O governo federal acaba de lançar uma nova campanha em prol da cobertura vacinal da população brasileira.
Essa é uma área em que já fomos referência internacional, mas, infelizmente, temos visto os índices de vacinação caírem devido a fatores como desinformação e descaso. A proposta é ampliar o percentual de brasileiros imunizados em todas as vacinas disponíveis no SUS, inclusive contra a covid-19, mas também com outros imunizantes do calendário nacional de vacinação, em todas as suas doses.
Como brasileiro, fico muito satisfeito com a retomada da ênfase na importância da vacinação. E como industrial, me alegro com o aumento da qualidade dos nossos imunizantes. Hoje o que vemos é a modernização do conceito de imunização.
Se antes os fabricantes mantinham grandes estruturas voltadas para criar uma única vacina, hoje os novos centros que estão sendo inaugurados trazem muito mais tecnologia, capazes inclusive de fabricar múltiplos imunizantes: contra a covid, gripe, tetravalente, entre outras. São estruturas multipropósito.
Isso é possível graças a soluções customizadas que nós, agentes fornecedores desse mercado, lutamos muito para introduzir no Brasil. A nacionalização de tecnologias internacionais garante o avanço nessa área no mesmo compasso que países ricos.
No caso de um novo equipamento, como válvulas que são adaptadas da realidade europeia para o Brasil, é preciso correr testes, provar que ela pode operar da mesma forma durante três ciclos, e ainda comprovar por documentação que ela opera de acordo com critérios normativos da indústria farmacêutica – dessa forma, tudo passa por diversos testes antes do funcionamento pleno. Se o caso é de uma nova vacina, ela também passará por três lotes piloto.
Toda essa funcionalidade precisa ser comprovada para só então o novo produto ser liberado no mercado – por se tratar de um processo estéril, ele precisa performar sem contaminação.
Outra novidade técnica do setor farmacêutico hoje, voltada para produtos de alto valor agregado, como remédios contra o câncer, é o conceito “single use”. Trata-se de equipamentos como válvulas assépticas que são usadas uma única vez. Se o fato de serem descartadas após o uso traz um estranhamento inicial, por outro lado é possível economizar nos processos de limpeza de todo o sistema.
Uma batelada de produção pode seguir a outra, sem a interrupção oriunda de longos processos de limpeza e esterilização. Afinal, nenhum microrganismo pode permanecer nos tubos e válvulas. É uma garantia de segurança total.
Além da tecnologia por trás dos equipamentos de fabricação, bem como no IFA usado como matéria-prima, que o Brasil também já tem condições de produzir com autonomia, e outra garantia de segurança desse setor é o processo de validação altamente exigente, que conta até mesmo com softwares próprios dos laboratórios farmacêuticos para total controle.
São anos e anos trabalhando do lado de cá da indústria para garantir tudo isso! E não se esqueça de vacinar sua família.
(*) – É administrador de empresas e gerente geral de vendas da área PFB da GEMÜ Válvulas, Sistemas de Medição e Controle (https://www.gemu-roup.com/pt_BR/).