Marco Antônio Barbosa (*)
Quando falamos em segurança no Brasil, muitas opiniões, possíveis soluções e atitudes surgem, porém, a conclusão é uma só: há uma grande falha neste serviço que, diariamente, nos faz caminhar com medo de ser parte do crescente número de vítimas.
De acordo com o artigo 144 da Constituição Federal, a segurança pública é um dever do estado e direito de todos, mas como podemos observar nos jornais, revistas e através de alguns relatos, o panorama em nosso país é de grande insegurança. Nas últimas semanas, a capital carioca tem sofrido com o avanço da criminalidade. Nos três primeiros meses de 2017, 1.867 pessoas morreram vítimas de homicídios, roubos, agressões e em operações policiais.
Soma-se a isso a crise financeira do estado e o resultado foi pedir ajuda da Força Nacional de Segurança. Durante as Olimpíadas no Rio de Janeiro, o patrulhamento das Forças Armadas foi utilizado para reforçar a segurança de turistas e atletas – o que deu muito certo, como um antitérmico para alguém com febre. Novamente essa medida se fez necessária e, no último dia 15 de maio, a cidade recebeu o reforço das tropas nacionais.
Elas começaram atuando no acesso ao complexo de favelas da Pedreira e do Chapadão, que ficam nos bairros de Costa Barros, Barros Filho e Pavuna, na zona norte, a fim de coibir principalmente o roubo de cargas de caminhões. Já é de conhecimento geral que as comunidades concentram grande parte da criminalidade do estado, porém ninguém estava – e nem está – preparado para a onda de violência que assola a “cidade maravilhosa” e o Brasil em geral.
Uma pesquisa realizada pelo FBSP/Datafolha, este ano, mostra que ao menos 50 milhões de brasileiros com mais de 16 anos, possuem um amigo, parente ou alguém próximo vítima de homicídio ou latrocínio. Grande parte dos brasileiros culpa a situação social em que as pessoas nascem e vivem pelos atos, pensando que esta é uma maneira de justificar o ato de roubar, matar, etc. Ao mesmo tempo em que grande parte da população exige punições mais severas para os criminosos, 92% afirmam que todos têm direitos iguais e devem ser respeitados pelos policiais.
Chacinas, greves de policiais, aumento nos casos de latrocínios e outros crimes passaram a surgir com muito mais frequência nos noticiários. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), após realizar uma reunião com o presidente Michel Temer, decidiu que o Rio de Janeiro será o laboratório de um novo plano de segurança pública, tentando de alguma maneira diminuir a criminalidade.
Quando falamos dos profissionais de segurança, temos consciência do risco de seu trabalho e em tempos de tamanha violência, vemos as condições em que trabalham. Uma viatura circulando nas ruas, ao contrário do que muitos pensam, está zelando pela segurança. No Rio de Janeiro, a crise financeira afetou, até mesmo, o combustível para as viaturas que fazem rondas, sem contar os atrasos no pagamento dos salários desses servidores.
Ainda que alguns acreditem que o armamento seja a melhor opção, a pesquisa FBSP/Datafolha apontou que 78% da população acredita na relação direta entre quantidade de armas em circulação e o aumento do número de mortes no país. O Governo tem a responsabilidade de garantir medidas para a segurança pública não apenas fornecendo condições de trabalho para os policiais, mas também com a melhoria na qualidade de vida de quem está em situações de vulnerabilidade social.
É preciso investimento e um cuidado maior na segurança pública dos brasileiros para que esta onda de violência no Rio não se torne um tsunami, atingindo outros estados.
(*) – Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios. É especialista em segurança e diretor da Came do Brasil (www.came-brasil.com).