João Marchesan (*)
2016 foi um ano duro, difícil, com problemas além da conta, onde o setor de máquinas e equipamentos chegou ao fundo do poço, e caiu para 57% do faturamento registrado em 2012.
De outro lado, as exportações, que ,historicamente são um terço das vendas, caíram em dólares 24,4% em 2016 em relação a 2012 e as vendas no mercado interno são hoje apenas 40% do que eram em 2012. Neste período foram perdidos cerca de 80.000 empregos diretos e mais 160.000 indiretos.
Mas a boa notícia é que estamos vivos. Dispostos a brigar com unhas e dentes para continuarmos nessa travessia. Estudando todo o tipo de alternativa e sugerindo ações em todos os níveis que nos afetam, desde o corte de juros, até o equilíbrio no câmbio, passando por sugestões no Repetro no marco regulatório de óleo e gás.
Chegamos ao final desse ano cheios de esperança e com a certeza de que em 2017 seremos protagonistas de um novo cenário, com novas expectativas e com o firme propósito de sugerir a implementação de medidas que façam com que o País retome o rumo do desenvolvimento e crescimento.
O debate econômico está excessivamente concentrado no ajuste fiscal prometido pelo governo, mas essa não é condição suficiente para que o Brasil volte a crescer. Na realidade, são necessárias condições que favoreçam a atividade econômica para tirar o país da brutal recessão em que se encontra. O diagnóstico da equipe econômica está focado apenas no ajuste fiscal e por isso é parcial e equivocado. Na prática, o setor de máquinas e equipamentos precisa de medidas simultâneas para estimular o crescimento. Não que o ajuste fiscal não seja necessário, mas só ele não resolve o problema do País e do crescimento econômico.
Nós concordamos plenamente com a necessidade e a urgência de estabelecer limites ao crescimento das despesas públicas, de equacionar o crescente déficit do orçamento da Previdência, de modernizar as relações capital-trabalho e de reformas que melhorem a governabilidade e a competitividade do país. Acreditamos nisto e apoiamos o esforço do Governo e do Congresso para aprovar as medidas necessárias para tanto.
A nossa esperança, é que através de todas as reuniões realizadas e dos estudos apresentados, com propostas factíveis e extremamente práticas, o governo se sensibilize a tomar medidas urgentes para restaurar o emprego no País, através da adoção de medidas que possam fazer com que os investimentos voltem a ocorrer, como apoio financeiro para fazer a travessia e, no curto prazo, nós entendemos que a recuperação das atividades está diretamente relacionada aos investimentos em infraestrutura e à ampliação das exportações.
O Programa de Parcerias de Investimento (PPI) também é uma iniciativa muito importante, mas ainda deverá ser aperfeiçoado em seus instrumentos para permitir maior concorrência e maior segurança jurídica e, portanto só deverá se traduzir em atividade, para nosso setor, no médio prazo. Além disso, o governo precisa, ao atrair empresas estrangeiras, resolver o problema do risco cambial e estruturar um mix de financiamento destes projetos que permita a participação adequada de empresas e produtos nacionais.
Os Regimes Tarifários Especiais e as Zonas de Processamento às Exportações são importantes atrativos aos investidores internacionais e certamente abrem perspectivas de negócios nas regiões e setores contemplados, mas devem ter sua legislação revisada de modo a eliminar o viés importador e estabelecer isonomia seja no tratamento tributário seja em seus efeitos financeiros, entre os bens de capital produzidos no país e os importados.
Mas saber que teremos canais interlocutores para apresentação de nossas propostas e projetos especialmente visando a REINDUSTRIALIZAÇÂO JÁ, sem dúvida, é uma boa perspectiva para 2017.
(*) – É administrador de empresas e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.