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Quem quer dinheiro?

em Artigos
segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Saville Alves (*)

“Quem quer dinheiro?” A pergunta, eternizada pelo também eterno apresentador Silvio Santos, parece ter uma resposta óbvia. Mas, no ecossistema de impacto, dinheiro ainda é um tabu. Primeiro, nossa família e amigos não entendem que há mercado para remunerar quem decide atuar de maneira intencional na construção de uma sociedade melhor e mais justa.

Todo mundo acha que você é, com todo respeito, um miçangueiro, alguém que abriu mão de toda a relação com a sociedade do capital. E bom, isso não é verdade em absoluto. Estamos repensando as relações de trabalho e os meios de produção, ainda dentro de uma lógica de ganhos, mas com mais colaboração.

Depois, o próprio mercado muitas vezes não compreende os benefícios que o investimento em impacto gera para o seu negócio, especialmente porque alguns retornos são de médio a longo prazo. Muitas empresas ainda não desenharam sua estratégia ESG e não possuem área, com time estruturado e orçamento destinado para investir em operações de impacto socioambiental e ficam restritas a responder a marcos regulatórios.

E também tem a gente. Nós, os empreendedores de impacto, que temos tanto desejo de fazer acontecer que por vezes deixamos de fazer conta, criar estratégia e transformar o problema em solução e a solução em negócio. Gerir time, nutrir uma cultura forte, espalhar uma marca, gerar sustentabilidade financeira e ser relevante no ecossistema que se deseja transformar.

É muita coisa, com muitas barreiras, mas que têm se mostrado um caminho possível dentro dos parâmetros que temos hoje. Ok. Mas afinal: o que são e como se reproduzem os tais empreendedores sociais? “Entre fazer dinheiro e mudar o mundo: eu fico com os dois”.

A célebre frase se tornou o lema dos empreendedores sociais, esse grupo de pessoas que têm colocado seus esforços em construir negócios e marcas fortes que tenham como principal proposta de valor gerar transformações verdadeiras e relevantes nos ponteiros das desigualdades e desequilíbrios socioambientais.

A gente cria negócios que precisam gerar renda, encantar mais clientes, ser uma marca reconhecida no mercado, ter um time bom para realizar. E impreterivelmente estamos pensando em equidade racial, de gênero e sexualidade, por exemplo. Estamos intencionalmente criando soluções que não deixem ninguém de fora e que protejam o nosso planeta.

Nem sempre. Nem tudo. Mas incessantemente e com visão holística. Para que o investimento chegue em pessoas como nós, precisamos levantar as mãos e dizer: queremos dinheiro. Porque é ele que vai impulsionar todos os nossos sonhos e de tanta gente que está nesta correnteza.

(*) – É Líder de Negócios da Solos, soluções inteligentes de economia circular (https://www.alimentesolos.com.br/).