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QI na carreira: não encare como um bicho-papão

em Artigos
terça-feira, 03 de novembro de 2015

João Marcelo Furlan (*)

Um ranking divulgado recentemente pela consultoria Robert Half, indicou os países em que o famoso QI (quem indica) mais funciona na carreira.

O Brasil ficou em segundo lugar, atrás somente da Austrália. Considerando 20% das vagas gerenciais no Brasil, até 77% são preenchidas por indicação. Já em 20% das vagas administrativas, até 72% são ocupadas por indicações. Na Austrália, esses indicadores são de 81% e 76%, respectivamente.

Muitos brasileiros ainda desaprovam a ideia de indicação no trabalho, entretanto, o paradigma de que essa é uma prática injusta precisa ser quebrado. É necessário entender que a indicação vem das raízes do Brasil, da nossa formação cultural. Somos um povo de puro relacionamento, o que acaba impactando no âmbito profissional.

O QI é um mecanismo importante, principalmente no atual momento em que as empresas buscam reduzir custos gerais. O processo seletivo terceirizado, isto é, aquele gerenciado por agências de emprego e consultorias custa caro e leva um tempo maior para ser concluído. Diante disso, o QI ganha força, pois pode diminuir o custo e ainda agilizar o processo, principalmente para vagas urgentes.

A grande questão a ser desmistificada é que a indicação não é certeza de contratação, ou seja, não é algo que irá desqualificar os demais candidatos. As empresas normalmente fazem um filtro para garantir que a pessoa que está participando do processo tenha as competências necessárias para a vaga. Ela deve fazer testes e avaliações normalmente e, se o desempenho for o esperado, o QI poderá ter peso na escolha.

Para se ter uma ideia de quanto o QI é bem visto pelas empresas, atualmente existem organizações na área da alta tecnologia que oferecem até R$5 mil para o funcionário que indicar uma pessoa para um cargo gerencial. Se for uma vaga de analista, o valor médio é de R$500,00. Para não perder oportunidades o ideal é fortalecer o network, pois, tendo uma boa rede de contatos, as chances de uma indicação aumentam. Além disso, é necessário deixar sempre claro a vontade ou atração por determinadas vagas ou até mesmo pedir uma indicação.

Talvez, os colegas nem imaginem que você está em busca de uma oportunidade profissional. O QI é uma tendência no Brasil e não é à toa que o país alcançou o segundo lugar no ranking global. Em vez de virar as costas para o cenário, é hora de ampliar a visão e entender que a indicação não é um bicho-papão, mas sim uma porta de entrada com várias possibilidades.

(*) – É fundador e CEO da Enora Leaders, empresa de educação corporativa especializada em aceleração de resultados e diretor de regionais da ABRH-SP.