Silvan Roth (*)
O Open Finance, uma revolução no setor financeiro que permite o compartilhamento de dados financeiros dos consumidores com outras instituições, tem o potencial de transformar a maneira como as pessoas lidam com suas finanças. Embora todos os segmentos da sociedade possam se beneficiar dessa inovação, é a classe média que tem mais a ganhar.
A classe média, composta por quase 100 milhões de pessoas, é um dos pilares da economia brasileira. No entanto, esse grupo muitas vezes é negligenciado pelas soluções disponíveis no mercado financeiro.
Quando enfrentam despesas emergenciais que são o dobro de seu salário, por exemplo, frequentemente não conseguem obter empréstimos bancários e acabam recorrendo ao uso excessivo de cartões de crédito, muitas vezes entrando em dívida rotativa, ou recorrendo a empréstimos de fintechs com taxas de juros predatórias.
Essa falta de atenção à classe média ocorre porque muitos indivíduos são bons pagadores, recebem salários sem ajuda governamental, mas são autônomos, trabalhadores temporários ou têm renda irregular, o que os torna pouco reconhecidos pelos critérios tradicionais dos bancos para concessão de crédito. O Open Finance surge como uma oportunidade para essas pessoas.
Ao permitir o compartilhamento dos seus dados financeiros, é possível obter uma visão mais clara da situação financeira de cada indivíduo e identificar aqueles que são bons pagadores, oferecendo-lhes empréstimos acessíveis e adaptados às suas capacidades financeiras. Isso não apenas ajuda a classe média a lidar com despesas inesperadas, mas também promove a inclusão financeira e impulsiona o crescimento econômico do país.
Além disso, o Open Finance também permite que a classe média tenha acesso a uma gama mais ampla de produtos e serviços financeiros, como investimentos, seguros e planejamento financeiro. Com base em seu histórico financeiro, as instituições podem oferecer produtos personalizados que atendam às necessidades e objetivos de cada indivíduo, permitindo que eles construam um futuro financeiro mais sólido.
No entanto, é importante ressaltar que, para que o Open Finance seja efetivo e seguro, é fundamental que haja uma regulamentação adequada para proteger a privacidade e a segurança dos dados dos consumidores. As instituições financeiras devem ser responsáveis pelo uso adequado e transparente das informações compartilhadas, garantindo que os dados sejam protegidos contra vazamentos e usos indevidos.
O Open Finance tem o potencial de revolucionar o setor financeiro brasileiro, promovendo a inclusão e a democratização do acesso a serviços financeiros. Para a classe média, essa inovação pode significar a diferença entre ficar presa em um ciclo de dívidas e construir um futuro financeiro sólido.
Agora, cabe às instituições financeiras e ao governo abraçarem essa oportunidade e garantirem que o Open Finance beneficie a todos os brasileiros.
(*) – É co-fundador e CEO da EmpreX (https://www.emprex.com.br).