Paulo Eduardo Brugugnoli (*)
Israel é um dos três principais polos de inovação mundial, além dos Estados Unidos e China.
Atualmente, mais de 530 multinacionais estão em terras israelenses e a força de trabalho local é uma das mais caras do mundo. Porém, o alto custo para aterrissar em Israel inviabiliza que um volume maior de companhias possa ter acesso ao celeiro de inovação local, que recebe 4,3% do PIB para pesquisa e desenvolvimento (P&D), ou seja, aproximadamente US$ 12,8 bilhões anualmente.
Deste montante, 86% são direcionados aos gastos no setor privado. Além disso, em Israel, há duas vezes mais investimentos de venture capital per capita se comparado com os Estados Unidos e 49% dos gastos israelenses com P&D são financiados por capital estrangeiro.
Então, daqui do Brasil, como podemos ter acesso a um dos mais importantes centros de desenvolvimento de tecnologia e inovação do mundo sem sair do nosso país?
A resposta é ter no território brasileiro um canal aberto com o ecossistema israelense. A conexão com este polo pode acelerar o processo de inovação por meio da adoção das mais novas tecnologias. Neste sentido, é possível utilizar a mão de obra e o conhecimento local, tendo acesso ao jogo global por meio de parcerias com o ecossistema israelense.
Isso significa capturar o benefício integral das inovações criando vantagem competitiva através da adoção de tecnologias de última geração. Sozinhos, não conseguimos identificar e implementar o que há de mais novo em tecnologia. E, nesta linha, podemos nos apoiar em empresas que estão bem mais avançadas nesta empreitada, principalmente em temas como Inteligência Artificial, Indústria 4.0 e Cibersegurança.
Em Inteligência Artificial, há mais de 1,1 mil startups desenvolvendo soluções associadas a esta tecnologia. A proposta neste campo é ampliar a capacidade de entender o mundo, o conhecimento das coisas, identificando padrões e comportamentos que o pensamento linear do ser humano não é capaz de fazê-lo. Desta forma será possível não apenas responder nossas perguntas, mas fazer as perguntas corretas para os desafios existentes.
Já no quesito Industria 4.0, há uma gama de tecnologias que permite realizar a gestão da capacidade de produção de uma fábrica de maneira diferenciada. É possível ter tecnologias que identificam os problemas da linha de produção antes mesmo que eles aconteçam. Como? Sensores ligados às maquinas ouvem o barulho que a linha de produção emite e consegue identificar quando há algum ruído diferente, sendo possível prever quando a máquina irá parar.
Na linha de Cibersegurança, o mundo mudou e é preciso se preparar. Os danos atuais representam mais de 600 milhões de dólares às indústrias. Uma fábrica pode ser fechada ou uma marca pode ter sua imagem afetada com um ataque cibernético. Israel é o segundo país que mais cria soluções de segurança no mundo, muito além da gestão de senhas, antivírus, firewalls e VPNs.
Estamos na economia do conhecimento e, nos centros mais avançados de desenvolvimento, quanto mais se desenvolve, quantos mais se usa as novas tecnologias, mais se tem conhecimento para sobreviver e ser competitivo. E nesta linha, Israel soma 6,6 mil startups ativas. Por isso a região é alvo de investimentos para desenvolver novas tecnologias, pois eles aprendem constantemente com suas iniciativas de inovação.
Para quem, de fato, quer sair à frente no Brasil, o caminho é a ponte aérea Brasil/Israel. De certo, essa medida irá acelerar as empresas brasileiras no acesso ao que há de mais competitivo no mundo!
(*) – É CTO global do gA, companhia global de tecnologia que utiliza plataformas digitais e serviços de transformação para capacitar grandes empresas nas Américas e na Europa (www.grupoassa.com).