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Parou de piorar

em Artigos
quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Alexandre Zuvela (*)

Alguns setores já apresentam melhor humor, mas retomada da economia só acontece a médio prazo.

Com raras exceções como o Agronegócio, por exemplo, os setores produtivos do país estão longe de respirar aliviados ou retomar a prática de pensar estratégias de médio ou longo prazo muito bem definidas e estruturadas. Muito provavelmente essa seja uma condição que que em tempos de Big Data e a chamada revolução industrial 4.0, tem sido cada vez mais dinâmica, já que longo prazo pode ser um intervalo de poucos dias ou dependendo do segmento, horas.

Simplificando o discurso, a realidade da economia nacional hoje é que ela parou de piorar. Para melhorar vamos precisar de mais tempo e de ações mais efetivas e, sustentadas. A história recente nos mostra que medidas milagrosas não existem e quando experimentadas, o resultado foi desastroso. Recuperar a saúde financeira de um país ou uma organização não é muito diferente do que acontece na vida de quem se endividou. Muda a dose do remédio, o perfil da equipe médica, mas o gosto é sempre amargo e a melhora gradativa.

Como profissional de recursos humanos, minha análise passa prioritariamente pelo diagnóstico do capital intelectual humano e como estamos preparados para lidar com a evolução e as necessidades relacionadas a ele. Sim, porque tanto no setor público quanto no privado, ideias e ações acontecem a partir de pessoas e na medida da capacidade e do comprometimento das mesmas. Com o estrangulamento das receitas e a anemia dos mercados dos últimos três anos, a maior parte das empresas engavetou seus programas de desenvolvimento profissional e de liderança, bloqueando investimentos destinados à educação e treinamentos para seus colaboradores.

O cenário incerto provocou a mesma retração no ambiente particular, diante da possibilidade iminente de uma demissão, bem poucos assumiram o compromisso de um curso mais elaborado, como um MBA ou uma pós-graduação. Essa combinação de fatores tem como consequência direta uma potencial falta de pessoas bem qualificadas no padrão que será exigido pelo mercado, já que superada a fase mais crítica, empresas que cortaram muitos de seus talentos terão que recontratar, no entanto, com a mudança do comportamento e do que o mundo requer hoje em termos de competitividade e resultado, outros perfis de competência serão demandados e não será nada fácil encontrar esses personagens com essas habilidades.

No geral, esse novo perfil se traduz em profissionais com uma capacidade analítica mais apurada, solucionadores, criativos, que respondem melhor a uma dose elevada de pressão por resultados e rapidez no tempo de resposta as novas demandas e tecnologias. Vale ressaltar que as empresas também devem estar preparadas para atuar de uma forma um pouco diferente do habitual levando em conta horários flexíveis e home office, novas ferramentas de gestão de processos e pessoas com foco em produtividade e cumprimento de metas, evoluindo dos modelos tradicionais atualmente implementados para estruturas mais colaborativas, dinâmicas, flexíveis e adaptáveis.

(*) – É sócio da EXEC.