Felipe Gomes (*)
Um tema específico não sai da minha mente: como podemos ajudar e ser exemplo para que nossos colegas de trabalho se desenvolvam, no sentido humano da palavra?
Sim, porque foi-se o tempo em que contratações eram realizadas priorizando somente as habilidades técnicas do candidato. As empresas estão cada vez mais humanas e, para reforçar essa cultura, precisam de pessoas com habilidades e comportamentos que permitam que elas se relacionem com seus colegas e o ambiente corporativo do qual fazem parte.
Digo isso levando em consideração o atual cenário que a pandemia impôs a todos nós. Depois do baque inicial, reorganizamos nossas vidas e rotinas no trabalho. O home office passou a ser a realidade de muitos e as trocas ao vivo (das reuniões ao cafezinho no meio da tarde) agora acontecem por meio da tela do computador. A dinâmica corporativa mudou e, é claro, os colaboradores também foram impactados.
Acredito que as chamadas soft skills (competências sociais, emocionais e mentais ligadas à personalidade de cada um) são cruciais para o profissional moderno. Posso destacar a importância da inteligência emocional, fundamental para encarar e superar os desafios do dia a dia.
A empatia e a habilidade de comunicação também são mais do que desejáveis para que as relações com os colegas de trabalho sejam dinâmicas e claras independente do meio – texto, áudio ou vídeo. E não posso esquecer de mencionar a adaptabilidade. Os últimos acontecimentos foram totalmente imprevisíveis, e se nós não tivéssemos essa habilidade seria praticamente impossível lidar com todas as transformações que eles causaram.
Pense, por exemplo, em uma pessoa da área de tecnologia. Se há alguns anos um engenheiro de software era contratado de acordo com as habilidades técnicas que tinha, como domínio das linguagens Java e Python, hoje em dia os recrutadores também esperam que esse profissional tenha facilidade em se comunicar e de trabalhar em equipe.
Mas engana-se quem pensa que a expectativa só afeta cargos de níveis júnior, pleno ou sênior. Gestores precisam ter essas – e outras – soft skills. É esperado que uma boa liderança tenha proximidade com suas equipes, confie nelas, dê espaço para a inovação e busque a evolução de seus colaboradores. O empoderamento permite que os colaboradores atinjam resultados cada vez mais positivos. Sobretudo à distância, o ato de liderar precisa trazer a humanização.
Coragem, resiliência, pensamento criativo e autoliderança são outras soft skills valorizadas pelas organizações. E tão importante quanto as habilidades citadas é o colaborador entender a cultura e os valores do local em que trabalha e refletir se se eles estão de acordo com o que ele acredita e defende. Depois de tanto pensar sobre o tema, só posso dizer que, mesmo com o avanço da tecnologia, apenas humanos conseguem levar à rotina corporativa emoções e comportamentos.
A sensibilidade nas relações é uma qualidade nossa que ninguém, nem o mais moderno dos robôs, pode nos tirar. Aperfeiçoe suas habilidades e encontre um lugar para pertencer.
(*) – É Diretor Geral da Ticket.