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Os avanços da tecnologia e as formas de brincar na atualidade

em Artigos
sexta-feira, 08 de junho de 2018

Rodrigo Ribeiro dos Santos (*)

Em tempo de modernidade e avanços tecnológicos, a vida cotidiana passou a ter muitas facilidades.

A tecnologia proporciona uma infinidade de possibilidades para alcançarmos objetivos que outrora pareciam impossíveis. O ser humano como ser histórico, tem transformado seu dia a dia, e inovando o processo de aprendizagem. Esses avanços tecnológicos têm modificado até o jeito como nossas crianças brincam. Em um mundo de acesso fácil e rápido de informações, as crianças não brincam como as de antigamente, tanto que a própria concepção de infância evoluiu.

Sendo assim, as formas de brincar também sofreram a influência das novas tecnologias. Mas será que o que fez parte do passado pode ser simplesmente descartado por causa do “novo tempo”? Seria então melhor deixarmos o velho e abraçarmos o novo como se não importasse o processo histórico de transformações sofridas em nossa sociedade. A criança como sujeito histórico tem em suas brincadeiras, em seus jogos uma forma diferente de enxergar o mundo.

Por meio dos jogos, dos brinquedos e da brincadeira, ela explora ao máximo a realidade que a cerca e proporciona a si um mergulho no mundo adulto. Criando conceitos por meio da imitação da rotina dos pais em suas brincadeiras, criando e recriando formas de realizar um jogo e relacionando a sua vivencia com o meio social a qual pertence.

Uma das críticas atuais está atrelada aos brinquedos, pois os mesmos não são iguais aos de outrora. Com o advento da tecnologia os brinquedos com suas luzes, motores, pilhas e controles remoto, deixam as crianças inertes em sua criatividade, pois alguns brinquedos fazem com que a ação criativa não seja o principal foco, tornando-os meros expectadores, porque o brinquedo brinca sozinho.

Outro fator é o uso excessivo das telas; sim, as telas dos televisores, tablets e smartfones. Não se propõe aqui a negação do uso desses objetos, mas o controle e a intervenção do adulto no uso dessas tecnologias. Os jogos simbólicos, as brincadeiras de faz de conta, as cantigas de roda e o contato direto com a natureza, proporcionam às crianças a vivencia da realidade de seus pais e avós. Também apresentam novas possibilidades de criar, recriar e resignificar os sentidos, sendo atuante efetiva na ação sobre o brinquedo.

Neste ponto, a criança brinca com o brinquedo e ela não se torna apenas a expectadora do brinquedo, ou de suas ações limitadas. Ela explora o mundo, compreende as regras sociais, cria seus próprios valores e atribui significado as informações que recebe e socializa, tornando-as em conhecimento.

Brincar é uma ferramenta muito poderosa no processo de aprendizagem dos pequenos, pois, amplia a sua visão de mundo, promovendo a criticidade, questionando as regras impostas e as adaptando conforme surgem novos desafios. A criança brinca não só pelo prazer da diversão que o ato proporciona, mas para compreender o mundo a sua volta. Em datas comemorativas em que se espera ganhar um brinquedo, o que os pais podem dar a seus filhos?

Estamos proporcionando às nossas crianças aprendizado por meio das brincadeiras, ou apresentando um mundo digital cheio de informações que se mal mediadas não possuem significado? Pois, informações em excesso sem mediação e significado não é conhecimento e sem conhecimento nossos filhos não serão, como diria o educador Paulo Freire, agentes de transformação social.

(*) – É pedagogo e professor de Educação física do Colégio Marista Criciúma.