Maurício Stainoff (*)
Em 2020, a crise sanitária provocada pela pandemia de covid-19 afetou, significantemente, o desempenho do mercado econômico do país.
Como reflexo, logo nas primeiras semanas de pandemia, estimava-se que as obrigações acessórias sanitárias, compreendidas pelos itens mínimos de higiene requeridos pelo Plano SP, custariam para o comércio do estado de São Paulo o montante de R$ 2 bilhões ao mês, segundo dados da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo.
Diferentemente das crises encaradas nos últimos 35 anos, o distanciamento social impôs um novo desafio: gerar vendas de portas fechadas. As empresas começaram a ter problemas de caixa e pouco tempo para encontrar alternativas que apresentassem um mínimo de resultado. A ausência de consumidores, a falta de previsibilidade de um planejamento e a necessidade de operar com recursos mínimos resultaram na queda de 6% no balanço de vendas do varejo em 2020 em comparação ao ano de 2019.
Já no primeiro semestre, cerca de 1,2 milhão de empregos com carteira assinada foram perdidos, o que impactou diretamente o setor varejista, visto que o desemprego provocou queda de renda nas famílias, causou insegurança para os consumidores e diminuiu a confiança dos empresários. Com baixa expectativa de vendas e o crescente número de desempregados, o auxílio emergencial foi fundamental para manter a economia minimamente ativa, as pessoas que receberam esse auxílio, utilizaram-o para o consumo e mantiveram a economia interna funcionando.
Vendas em lojas físicas são de extrema importância, mas o varejo online ajuda a minimizar os impactos negativos. Como resultado da transformação do varejo em 2020, o processo de digitalização das empresas foi acelerado e fez com que o e-commerce atingisse a maior alta dos últimos 20 anos. Sem poder sair de casa, os consumidores encontraram nas vendas online uma forma de manter as compras costumeiras de forma segura Além disso, ajudaram no processo de amadurecimento do ambiente digital de pequenos e médios negócios.
Em paralelo ao fortalecimento das vendas nos meios digitais, a flexibilização em fases foi o primeiro passo para que o varejo começasse a retomar às atividades. Porém, foi de extrema importância que o pequeno e médio empresário não deixasse de lado as estratégias de venda como o delivery, e-commerce e o contato com os clientes por meio das redes sociais.
A expectativa para vendas e desempenho do comércio deste ano está diretamente ligada à reclassificação e mudanças do Plano SP – que é impactado pela imunização e controle da pandemia de COVID-19. Esperamos que, com a vacinação, haja um avanço no volume de vendas para, então, terminarmos 2021 com boas perspectivas de retomada econômica.
Esperamos também, o perfil de um consumidor mais consciente, cauteloso nas compras e buscando as melhores ofertas. Já para os lojistas, o atendimento tende a ser mais personalizado e atencioso, gerando valor para o seu produto e fidelização de clientes.
Vale ressaltar que, as empresas buscam por um país onde consigam produzir e comercializar com mais segurança, com mais produtividade e com custo menor. Por mais que seja difícil, se a remuneração do trabalho não for proporcional ao que é produzido e não pela disponibilidade de trabalhar, enfrentaremos cada vez mais a escassez de empregos.
(*) – É presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo.