Wanessa Leite (*)
Você já parou para refletir quanto, em reais, seus centavos valem? O questionamento é sinônimo de inteligência financeira e pode render uma economia perceptível à boa parte da população. É que com tantas transações digitais e, consequentemente, com a descentralização do uso de dinheiro físico, a importância das moedas tomou um rumo controverso.
Hoje, para muitos, os trocos são ignorados como parte de um capital. Dados do Banco Central (BC) apontam que houve aumento na circulação do dinheiro físico no Brasil. O volume dos recursos foi de R$ 339 bilhões em 2021 para R$ 342,3 bilhões em 2022, totalizando uma alta de mais de R$ 3 bilhões – o que representa a força e o espaço que o modelo ainda ocupa no país.
Contudo, a popularização de cartões e de pagamentos digitais por dispositivos móveis contribuiu para a diminuição da circulação desse dinheiro fracionado, ou seja, em moeda, acarretando a falta de troco no varejo. Desafio que, de acordo com o Instituto Locomotiva, afeta diretamente 16,3 milhões de pessoas desbancarizadas (sem conta em banco) e outras 17,7 milhões sub-desbancarizadas (que utilizam pouco ou não possuem acesso ao serviço).
Outro problema enfrentado pela economia nacional é o chamado entesouramento, que consiste no dinheiro retido em casa, no “cofrinho”, sem movimentação. Cenário que nos direciona a uma reflexão: o que podemos fazer com esse capital? Afinal, as moedas, ainda que em baixa circulação, têm seu valor e utilidade. O dinheiro fracionado, em curto ou médio prazo, pode render o pagamento de um serviço ou até mesmo a compra de um produto, por exemplo.
Em uma conta prática, se você consome, todos os dias, um pãozinho e recebe R$ 0,50 de troco em cada compra, em 30 dias você tem cerca de R$ 15,00 – o valor de um plano mensal básico de streaming, de um trajeto de viagem de transporte por aplicativo ou de parte substancial da conta de água. Na busca para promover a movimentação do dinheiro e dar vazão a essas “pequenas” quantias, inúmeras plataformas, como a Dyndo, de troco digital, criaram métodos e apresentaram ideias para dar uma sobrevida aos centavos.
No nosso caso, o software é integrado a sistemas de estabelecimentos comerciais e permite que o troco do cliente seja enviado para a conta do aplicativo através do CPF do usuário cadastrado. O montante concentrado na conta pode, depois, ser transferido para outro usuário, utilizado para o pagamento de novas compras em supermercados ou até mesmo na compra de cartões de recarga para serviços digitais, como Google Play e App Store.
Alternativas como essas não solucionam o problema da falta de moedas no varejo, mas permitem que o troco e, consequentemente, os centavos não sejam subestimados. Um passo importante no planejamento financeiro que todos deveríamos ter principalmente em tempos de crise.
(*) – É CEO da startup de troco digital Dyndo.