Gabriela Gonçalves (*)
A incidência de doenças crônicas e incapacitantes cresce à medida em que a população envelhece.
Segundo a OMS, hoje, mais de 50 milhões de pessoas sofrem com distúrbios neurodegenerativos, ou seja, com doenças que afetam os neurónios do cérebro humano. E, a estimativa para 2050, é que esses casos tripliquem, chegando a 152 milhões.
O Alzheimer e o Parkinson são exemplos desses transtornos.
Nessas circunstâncias, a deterioração progressiva e a morte dos neurônios afetam a coordenação e o controle dos movimentos e atividades do organismo, causando problemas de mobilidade, da função mental e outros. Infelizmente, ainda não há medicamentos que curem essas doenças e os tratamentos mais usados para combater esses males, envolvem altas doses de remédios.
Mas, apesar disso, as dores, a incapacidade de interação e a perda da identidade continuam. Uma alternativa para lidar com esses transtornos, que tem se mostrado, cada vez, mais eficaz, é a utilização de medicamentos à base do canabidiol (CBD). Em 2017, a Revista de Ciências Médicas e Biológicas, da Universidade Federal da Bahia, publicou um estudo do potencial neuroprotetor, antioxidante e anti-inflamatório do CBD.
Após análise de dez terapias com a substância em pacientes com doenças neurodegenerativas, notou-se que o CBD equilibra os fatores relacionados à toxicidade celular, impedindo a morte gradual dos neurônios. Um case que ilustra na prática, os benefícios desse tipo de tratamento é o do empresário goiano, Ivo Suzin.
Diagnosticado com Alzheimer aos 52 anos, ele usou medicamentos convencionais por cinco anos e, no final de 2018, ficou mais agressivo e incapaz de exercer atividades essenciais, como mastigar. Diante disso, o filho, Filipe, que já pesquisava sobre terapias com óleos à base da canabis medicinal, importou o composto. Os resultados apareceram três meses depois. Ivo reconheceu a família, voltou a ser mais alegre e a querer comer.
Faz um ano que ele é tratado com o óleo à base de CBD e agora, ele não é mais agressivo, caminha, se alimenta sozinho, dorme bem e tem entendimento das coisas. Isso ocorre, porque o canabidiol tem uma ação neuroprotetora, que inibi processos inflamatórios que lesam, de forma crônica, o tecido nervoso, contendo o avanço da doença.
Embora os resultados do tratamento com a canabis medicinal sejam favoráveis, é importante frisar que o CBD não exclui o uso dos medicamentos tradicionais, uma vez que a substância não cura a doença e, sim, contém sua evolução, melhorando a qualidade de vida.
Assim como qualquer tratamento, a terapia com CBD deve ser recomendada e acompanhada por médicos.
(*) – É diretora médica da Ease Labs.