Haroldo Matsumoto (*)
Depois do impacto dos primeiros dias de pandemia, tivemos que nos adaptar rapidamente ao cotidiano em home office.
Para muitos líderes e empreendedores, essa foi a primeira vez que se tornou necessário conduzir equipes à distância e, com isso, houve a necessidade de repensar o planejamento das companhias, independente da área de atuação ou do tamanho de cada uma. Dados da consultoria BTA apontam que em dezembro de 2020, o home office era a rotina padrão de 43% das empresas no Brasil. Um estudo feito pela FGV, por sua vez, aponta que o teletrabalho é um modelo que deve crescer 30% após a crise sanitária.
Esses dois números mostram que o desafio de gerenciar equipes à distância deve continuar existindo de alguma maneira e que as lideranças vão precisar encontrar formas de se manter engajadas para criar e sustentar um ambiente de colaboração e acolhimento, seja para uma convivência totalmente digital ou para uma rotina híbrida. Praticamente no segundo ano de operações no sistema home based, ainda existem diversas incertezas, mas também já foi possível aprender uma série de novos comportamentos e condutas.
Durante esse período, a importância da integridade física e mental dos nossos pares ganhou uma nova dimensão. Se já era um fator importante no passado, agora se tornou ainda mais relevante tanto pelas relações em si quanto pela continuidade dos negócios. Aprendemos, enquanto empreendedores e gestores, que proteger o colaborador significa garantir que ele esteja bem para desempenhar suas atividades.
No final das contas, entendemos que as pessoas são o centro de tudo e que as estratégias de negócios precisam ser desenvolvidas a partir delas. Também ficou evidente o quanto a comunicação e a colaboração são fundamentais para o bom desenvolvimento das nossas atividades diárias e para a evolução das nossas empresas. Nunca estivemos tão conectados e isso exige um esforço de comunicação, de diversificação de canais e de variação de conteúdo muito maior para que todos estejam engajados o tempo todo.
Outro aspecto interessante: aprendemos a dar mais autonomia às nossas equipes! As reuniões tornaram-se mais pontuais e breves, o trabalho ficou mais ágil e o desempenho das tarefas mais eficiente. Cada um conseguiu esquematizar a própria organização de maneira que os resultados fossem entregues de maneira muito objetiva. Isso não significa, no entanto, que não há supervisão ou monitoramento das ações. Só houve a necessidade de adquirir novos costumes e até de aderir a novas ferramentas de gestão para acompanhar o desenvolvimento dos projetos.
É claro que nem tudo foi um mar de rosas. Afinal, precisamos nos adaptar a diversas mudanças ao mesmo tempo, “sem deixar a peteca cair”. É natural que equívocos tenham ocorrido – e ainda aconteçam – durante esse processo de mudança, que haja desconforto e que alguns de nós tenha sofrido um pouco mais com a nova rotina.
São anos trabalhando presencialmente, com toda a equipe ao redor e, em um estalar de dedos, todos nos vimos diante de uma nova realidade, na qual casa, família e trabalho estavam inseridos em um mesmo contexto e, ao mesmo tempo, precisavam, de alguma forma, caminhar de maneira independente para não comprometer a entrega de resultados.
Todos nós desejamos que a pandemia chegue ao fim o quanto antes. Boa parte das pessoas estão cansadas e alguns podem imaginar que não há mais nada a aprender com toda essa crise que estamos vivendo há quase dois anos. Porém, arrisco dizer que ainda podemos tirar proveito e algumas lições desse período em que precisamos praticar o isolamento social e que vimos nossos negócios navegar por águas mais turvas.
Para conseguir extrair ensinamentos positivos de tudo isso, recomendo que nós façamos o exercício de encarar cada desafio sob duas óticas: na primeira delas, reagir como faríamos em todas as situações que se apresentam nas nossas rotinas de trabalho; na segunda, respirar fundo e tentar encontrar soluções criativas para a questão, se necessário, contando com a ajuda de todo o seu time.
Vale, inclusive, promover um grande brainstorm. Garanto que muitos aprendizados surgirão dessa maneira! Quer apostar?
(*) – É especialista em gestão de negócios e sócio-diretor da Prosphera Educação Corporativa, consultoria multidisciplinar com atuação entre empresas de diversos setores da economia.