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O mar não está para peixe

em Artigos
segunda-feira, 17 de agosto de 2015

João Alberto dos Santos (*)

Quando caminhamos na praia não é raro nos depararmos com peixes miúdos mortos ou boiando na beira do mar.

Muitas vezes, isso acontece por causa de uma captura acidental das redes de pesca. Por não ter valor comercial ou por terem sidos capturados sem intenção, os pescadores os descartam de qualquer jeito. Essa é uma ação condenável e que coloca em risco todo o ecossistema e a existência da vida marinha. A captura acidental é a maior responsável pelo estoque mundial de peixes estar em declínio, antes mesmo da poluição e dos fatores climáticos.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), estima-se que 20 milhões de toneladas de peixes são mortos dessa maneira, por ano. Além dos peixes, cerca de 308 mil golfinhos e baleias também morrem devido à captura acidental. No Estado de São Paulo, a toninha (uma espécie de golfinho) e a tartaruga-verde são as espécies mais capturadas.

Outro problema preocupante nos nossos mares é a sobrepesca, que é a retirada excessiva de alguns pescados acima da cota permitida pelos órgãos ambientais. Com isso, aumenta a falta de tempo para que as espécies possam se reproduzir. Outro fator é o nosso apetite por peixes ultrapassar os limites ecológicos dos oceanos, colocando a sobrevivência de muitas espécies em risco.

A sardinha pode ser apontada como um bom exemplo. Antes presente em toda a costa, ela quase desapareceu da vida marinha. Em 1973, a produção de sardinha-verdadeira no país era de 228 mil toneladas. Em 2011, esse número baixou drasticamente para apenas 75 mil toneladas.

É importante mostrar que se não houver maior controle sobre a pesca predatória no país muitas espécies correm o risco de entrar em extinção. Segundo estudos feitos por pesquisadores cerca de 80% das principais espécies exploradas nas zonas costeiras aqui do Brasil estão em estado de sobrepesca.

Se continuarmos assim, não haverá mais espécies de peixes para serem consumidos futuramente, nos sobrando para o consumo apenas as algas marinhas e os pepinos-do-mar.

(*) – É membro do Conselho Regional de Biologia – 1ª Região (São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul) – CRBio-01.