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O governo mordeu, mas não assoprou

em Artigos
quinta-feira, 09 de fevereiro de 2017

Reginaldo Gonçalves (*)

Os apontamentos da equipe econômica de que há um pequeno crescimento ainda não são expressos pelas indústrias e nos dados relativos ao desemprego, que continua em ritmo ascendente.

É fato que o primeiro trimestre do ano sempre tem apresentado menor potencial de expansão do PIB, em virtude de uma série de situações, como a letargia inerente às festas de final de ano, férias coletivas e período de Carnaval, dentre outros fatores que acabam por reduzir o nível de atividade e retardar sua retomada.

A maior parte dos economistas prevê uma pequena aceleração da economia, principalmente no quarto trimestre. Entretanto, o governo precisa contribuir para isso com a injeção de recursos voltados a restabelecer o fluxo do consumo, em especial de gêneros essenciais, que geram economia de escala, para estancar a paralisia. Precisa, ainda, reduzir os juros, cujo custo social é elevadíssimo.

A redução dos depósitos em poupança no mês de janeiro/2017, em torno de R$ 10,7 bilhões, que poderia representar um estímulo ao consumo, nada mais representa do que as obrigações de início de ano no pagamento de matrículas e material escolar, IPVA, contribuição sindical e outros tributos inerentes ao período. Por isso, o brasileiro é obrigado a usar a poupança….

Infelizmente, o cenário econômico ainda está ruim. Mesmo com a liberação do FGTS dos inativos, uma iniciativa do governo para aquecer o nível de atividade, com aporte de R$ 41 bilhões, os resultados não deverão ser expressivos. Com certeza, a maior parte das pessoas que receberem esse dinheiro utilizará para pagar dívidas. Isso não deixa de ser positivo, pois, ao deixarem de ter os seus nomes nos serviços de proteção ao crédito, eliminam uma das restrições à sua contratação no mercado de trabalho.

Brasília está no morde, mas não assopra. Se estimular muito a economia, provoca a inflação de consumo; e se não tomar uma atitude pontual, o desemprego manter-se-á e poderá crescer, embora haja alguns segmentos que já começam a reverter a sua posição ruim. Trata-se, porém, de atividades pontuais, que não representam a situação de numerosas empresas. Muitas estão inadimplentes com os tributos e muito endividadas nas instituições financeiras.

Para o governo resta fazer a lição de casa, ou seja, cortar gastos em todas as esferas, utilizando o dinheiro economizado para reverter o quadro, auxiliando o sistema produtivo a ser mais competitivo. É premente conter gastos desnecessários, que endividam a população. Numerosos brasileiros agonizam nas agruras do desemprego, buscando na informalidade alternativas para sobreviver.

(*) – É coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina.