Flávio Gaspar (*)
O sistema bancário brasileiro vem se modernizando passo a passo.
Em novembro de 2020, o Banco Central (BC) lançou o Pix, forma de pagamento instantâneo, sem a cobrança de taxa por transferência, que recentemente movimentou R$ 31,3 bilhões em um único dia. No mês de junho, essa modalidade atingiu o total de 626 milhões de operações realizadas, o que representa um crescimento de 1.767,9% desde seu lançamento, de acordo com o Bacen.
Para dar continuidade ao processo de inclusão financeira, aumento da competição e digitalização, um novo conceito será implementado pelas instituições financeiras: o Open Banking. Nele, o usuário é incentivado a compartilhar seus dados, mediante prévio consentimento, com o intuito de obter ofertas de serviços e produtos pelos bancos ou fintechs de forma mais atrativa e personalizada.
As instituições, por sua vez, poderão utilizar tais dados para trabalhar a fidelização de seus clientes através da oferta de crédito mais inteligente, melhor experiência, gestão consolidada da vida financeira do correntista, entre outros.
Para que isso ocorra de maneira segura, o BC estipulou regras de como essa troca de informações deve funcionar.
O compartilhamento de dados daqueles que possuem conta bancária e relacionamento com o sistema financeiro deve seguir uma série de diretrizes, e há uma regra principal: ele só pode ser feito com o consentimento do consumidor.
Além de respeitar a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), entre as normas estabelecidas pelo BC, estão a indicação de quais informações podem ser compartilhadas, para qual finalidade e por quanto tempo. Há uma regulamentação extensa definindo um conjunto de regras e padrões, a qual todas as instituições precisam seguir se quiserem aderir ao Open Banking.
A vantagem para os bancos e fintechs é que essa iniciativa torna possível conhecer ainda mais o seu cliente e/ou prospect, baseado no histórico de relacionamento com outras instituições, resgatando informações estratégicas, como hábito de contratar algum tipo seguro, solicitar crédito de longo prazo, consumir limites de cartões, pagamentos recorrentes, etc.
Investir em algoritmos e inteligencia artificial, de forma que seja possível interpretar tais informações e oferecer bons produtos e serviços, de acordo com o perfil do cliente, passa a ser um componente fundamental para qualquer instituição permanecer relevante no mercado.
Os resultados e previsões do que esta mudança pode acarretar ainda são incertos, no Reino Unido, país em que o Open Banking já está mais maduro, é possível observar os primeiros frutos de um sistema mais aberto e inclusivo, porém os resultados ainda são tímidos.
No Brasil, país bastante aberto à inovações e com uma população não bancarizada imensa, há uma tendência de adoção e revolução no mercado muito maior, gerando oportunidades que vão além do Open Banking. Este movimento confirma uma tendência do BC de rumar para uma economia aberta.
Esse modelo permitirá o compartilhamento de dados que vão além da vida financeira, consentindo às organizações o acesso a um contexto geral do consumidor, abrindo a possibilidade de maior assertividade nas ofertas das mais variadas áreas, como seguros, mobilidade, saúde, etc.
O futuro está cada vez mais próximo, e será construído à base de inteligência de dados.
(*) – É head de Produtos da Topaz, empresa do Grupo Stefanini.