Reginaldo Gonçalves (*)
O empreendedor brasileiro costuma ser muito criativo e tem alta capacidade de superação, mas tudo tem um limite.
A recuperação lenta da economia ainda não é suficiente para despertar a confiança dos investidores, diante da instabilidade política do governo e das incertezas sobre a sua continuidade. As mesmas incertezas mitigam o consumo, que já vinha sendo comprimido pela necessidade de as famílias apertarem o cinto.
Assim, as sistemáticas reduções dos juros em doses homeopáticas, não foram suficientes para estimular a retomada do vigor nas compras. Se, de um lado, as grandes companhias estão sofrendo e procurando recuperar os espaços perdidos, as maiores empregadoras do País, as micro, pequenas e médias Empresas vivem situação ainda mais difícil e cortam todos os gastos possíveis.
Além disso, enfrentam dificuldades em obter crédito para fomentar seus negócios e também para o capital de giro, pois os bancos estão restringindo bastante os empréstimos, independentemente do porte do tomador dos recursos. Ademais, a inadimplência mantém muitas firmas com o “nome sujo”, o que inviabiliza a aprovação de seu cadastro no mercado financeiro.
Nesse contexto, a sobrevivência dos pequenos e médios negócios esta à deriva. Muitos vão em busca de alternativas mais caras de crédito, como empréstimo pessoal e factoring. Porém, isso onera seus custos e comprime ainda mais as suas margens. Assim, é crucial uma urgente política de crédito e a flexibilização dos tributos.
Caso contrário, muitos desses negócios poderão não suportar a pressão. O empreendedor brasileiro costuma ser muito criativo e tem alta capacidade de superação, mas tudo tem um limite, que, para muitos, já chegou.
Algumas pequenas e médias empresas buscam parcerias para minimizar a necessidade de tomada de recursos aos bancos. De maneira inteligente, estão conseguindo manter-se e até melhorar sua performance. A parceria vem desde um acordo de consignação, prazo para pagamento, descontos financeiros vinculados à antecipação e até a prestação de serviços de mão de obra.
Nesse exercício de criatividade e sobrevivência estão surgindo diversas alternativas de negócios, inclusive para investidores em potencial, que podem tornar-se sócios. As alternativas viabilizadas por alguns segmentos, como embalagem e cosméticos, não são possíveis para todos os setores. Por isso, o governo tem de agir rapidamente na adoção de medidas capazes de oxigenar as pequenas e médias empresas, com crédito, juros subsidiados e flexibilização tributária.
É preciso garantir a sobrevivência de numerosas firmas incluídas entre as maiores geradoras de empregos do País.
(*) – É coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina.