Alysson Diógenes (*)
O Brasil vive uma estação de estiagem que se prolonga desde 2019. Cenários catastróficos de seca, quebra de safras, fantasmas como apagões foram ventilados.
Sem falar na pandemia que assola o mundo desde 2020. 2021 foi um dos anos mais secos da história do País e já se previa cenário semelhante para os meses seguintes. Mas, sem aviso algum, se inicia 2022 com chuvas catastróficas na Bahia e em Minas. Eventos desse tipo têm sido cada vez mais comuns e, não somente no Brasil, mas no mundo inteiro.
A ONG Christian Aid, identificou 10 eventos extremos que aconteceram mundialmente apenas no ano de 2021, cada um deles causando prejuízos bilionários. Frios extremos, ondas de calor, períodos de seca seguidos por chuvas de grande volume. Há até mesmo um país chamado Tuvalu, uma ilha no oceano Pacífico próximo às Maldivas, que simplesmente está desaparecendo, sendo engolida pelas águas. O clima mundial parece ter perdido o rumo.
A causa? Os cientistas alertam há muitos anos: o aquecimento global. Posto em cheque tantas vezes por indivíduos que não têm compreensão do que está acontecendo e sumariamente ignorado pelos países mais ricos – esses sabem o que se passa, ele tem mostrado mais e mais seus efeitos. É natural que o cidadão comum não tenha a real ideia do que se passa em um mundo tão grande.
O aquecimento global vem acontecendo desde a década de 1950, se intensificou após os anos 70 e vemos os seus efeitos em maior escala 80 anos depois do seu início. Isso passa despercebido pela vasta maioria da população, que está ocupada resolvendo seus problemas do dia a dia. Coisas simples, mas importantes e necessárias. Contas para pagar, emprego para procurar, terra para plantar, roupas para comprar, comida para fazer.
E quem deveria se preocupar com isso? De uma forma geral, quem poderia ter alguma ação efetiva, são os governos mundiais. E digo que ainda não o fazem. Tratam o tema com demagogia, sempre jogam a culpa do problema em outros países, de preferência, tropicais. Se for na América Latina e possuir uma grande floresta, é perfeito. E por que pouco ou nada é feito? Meramente porque é caro e cada país, mesmo os ricos, tem suas prioridades.
Resolver o problema exigiria um movimento mundial. Mudanças drásticas na forma de gerar energia, de lidar com plástico, de alterar meios de transporte, além de encerrar o uso de Diesel e gasolina. Parece inviável. É mais barato criar conferências como a COP26, onde representantes desses mesmos países que não fazem nada vão lá, tiram foto, fazem um discurso bonito e voltam para casa para fazer… nada.
Então, não há nada para fazer? Há. Pequenas mudanças podem fazer grandes diferenças. Todos podem ajudar. No micro, o que está ao alcance de cada um é reciclar seu lixo. A redução do consumo de plástico pode trazer benefícios muito grandes para o meio ambiente. No médio, se envolva com a associação do seu bairro. Ajude a limpar a comunidade onde você vive. O bairro é responsabilidade de todos.
No macro, as eleições estão chegando. Cada um de nós pode votar em políticos que tratam o tema sem demagogia. Promessas messiânicas como “acabar com o desmatamento” são balela. Fuja desse pessoal. Busque candidatos que tenham currículo na área, pessoas técnicas. Por último, e mais importante, é necessário perseverança. Como levou muito tempo para que os efeitos do aquecimento global aparecessem, vai levar um tempo para sumir. Mas há esperança. Com fé e força de vontade, vamos conseguir. E esse também é meu desejo para o seu ano de 2022.
Que você tenha perseverança. Todos precisamos.
(*) – Engenheiro eletricista, doutor em Engenharia Mecânica, é professor do Mestrado e Doutorado em Gestão Ambiental da Universidade Positivo (UP).