Daniel Tamelini (*)
Você já parou para pensar como é o seu deslocamento em sua cidade, ou ainda, quais as opções disponíveis de transporte em sua região?
A partir desse primeiro questionamento, podemos entrar em um outro assunto: o da mobilidade urbana – termo utilizado para definir o modo como a população se desloca em uma cidade. Ônibus, trem, metrô, transportes coletivos, fretados, carros e bicicletas são algumas das opções mais comuns, porém, com o debate acerca deste tema, o desafio do futuro das cidades e da própria mobilidade urbana é deixar esse movimento de deslocamento cada vez mais fluido, prático, econômico e sustentável.
Esse mesmo desafio se estende às empresas e ao mercado de trabalho, afinal, o ir e vir de colaboradores virou um problema nos últimos anos, com os altos índices de trânsito e superlotação dos transportes públicos, prejudicando diretamente a qualidade de vida e do trabalho dessas pessoas.
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), o brasileiro gasta cerca de 5 horas semanais para ir ao trabalho. Já de acordo com o índice da Numbeo, site internacional especializado na comparação de grandes metrópoles, há 6 capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília), no ranking de locais com o trânsito mais lento do mundo, em uma lista de 163 metrópoles analisadas.
Perda de tempo no engarrafamento, altos índices de poluição, atraso para entrar no trabalho, agenda mais corrida para buscar o filho na escola e curtir um jantar com família ou amigos e atividades de lazer prejudicadas são também outros condutores que fez com que as empresas olhassem mais para o assunto.
Além disso, os benefícios das estratégias para mobilidade corporativa também chamam a atenção: economia, menos congestionamento nas ruas, entrada em pautas ESG, já que menos carros nas ruas impactam na diminuição de CO2 na atmosfera, cria ambientes mais sustentáveis, menos barulho e poluição nas cidades, diminuição de despesas de deslocamento, aumento de produtividade, mais segurança para empresas e colaboradores e redução de rotatividade de equipe, uma vez que o colaborador vê isso como um benefício.
Já em um pilar econômico para as empresas, entra também o fretamento inteligente como benefício, já que consegue reduzir rotas, atender mais colaboradores e reduzir custos. Um levantamento recente feito pela BusUp revelou que 25 funcionários que usam vale-transporte desnecessariamente podem custar mais de R$125 mil à empresa em um ano.
Tendo em vista os pontos citados, as tendências para esse segmento estarão em alta, algumas das atitudes que as empresas podem investir estão: incentivar uso de veículos não motorizados, indicando bicicletários e rotas a pé; subsídios para deslocamento em trem e metrô; disponibilização de horários mais flexíveis de entrada e saída do trabalho; Modelo flexível e híbrido de trabalho; propor ações de conscientização para o uso racional do automóvel próprio, incentivando, por exemplo, programa de caronas ou disponibilização de vãs ou ônibus fretados; entre outros.
Garantir a qualidade de vida dos colaboradores é papel das empresas. Conforto, saúde e satisfação são fatores cada vez mais decisivos quando falamos em rendimento de trabalho, engajamento de equipe e produtividade e isso pode refletir nos índices de turnover nas empresas. Será tendência também, os setores de RHs ainda mais envolvidos em projetos e pautas que beneficiam os colaboradores.
Sem dúvidas, as principais tendências que moldarão o futuro do trabalho estão empresas, softwares e tecnologias que otimizam o tempo do colaborador, aumentam a produtividade e o bem estar deles, ajustam a cultura organizacional e elevam pautas relacionadas a sustentabilidade, diversidade, inclusão e mobilidade.
(*) -É Co-fundador e Presidente LATAM da Busup, empresa tecnológica de gestão de fretamento de ônibus para empresas.