Luiz Augusto Pereira de Almeida (*)
A revista Exame do mês de maio publicou nova e ampla pesquisa de imóveis, relatando as dificuldades do setor imobiliário nesses últimos dois anos e explicando as causas que levaram os preços, depois de seguidas altas, a se desvalorizarem.
Dentre os vários motivos, os maiores, sem dúvida, são: a falta de crédito e juros mais altos. Ou seja, sem financiamento a taxas razoáveis, o mercado encolheu-se. Isso, somado à grande oferta, decorrente de uma série de lançamentos nos anos bons, levou os preços dos imóveis em 2015 e 2016 a perderem da inflação, tornando os títulos de renda fixa uma opção melhor.
Trata-se de uma informação importante, mas que tem sido tratada de maneira genérica. Divulga-se, incessantemente, o caos em que está metido o setor e se fala dos altos estoques, dos descontos mirabolantes e das oportunidades incríveis, dentre outros alarmes. Cria-se uma fantasia na cabeça da população que negócios fantásticos podem ser feitos.
Entretanto, pelo que tenho visto, tais informações devem ser vistas com reservas. Locais afastados do centro das cidades, desprovidos de serviços, com falta de transporte público e segurança, provavelmente estejam com imóveis em liquidação. Grandes incorporações, com centenas de unidades, também devem estar dando descontos.
Imóveis com metragem de até 50 metros quadrados, produzidos aos milhares, estão encalhados. No entanto, esse cenário não passa nem perto de locais centrais, servidos de infraestrutura comercial, de serviços e de lazer e com poucos lançamentos. Nessas áreas, o preço continua alto e a procura também.
Um exemplo é a Riviera de São Lourenço, no Litoral Norte de São Paulo, na qual os preços não caíram. A própria Exame destaca o empreendimento como o metro quadrado mais caro da orla paulista. O cenário nacional do setor imobiliário mudará em breve, pois imóveis localizados em áreas urbanizadas e bem atendidas por serviços e infraestrutura terão sempre demanda elevada, pois são objeto de desejo das pessoas e das famílias.
Além disso, a escassez de lançamentos nos dois últimos anos provocará a liquidação dos estoques existentes, criando um represamento de demanda, que, em pouco tempo, fará o preço dos imóveis bater novamente a inflação.
(*) – É diretor da Fiabci/Brasil e diretor de Marketing da Sobloco Construtora.