Yeda Crusius (*)
Estreou na última quinta-feira (25), o filme ‘Real: o plano por trás da história’, do diretor Rodrigo Bittencourt.
Boicotado por um grupo de diretores de esquerda, durante o Festival de Cinema de Pernambuco, de forma agressiva a ponto de provocar a anulação do evento, foi produzido através de recursos captados na iniciativa privada e por crowfunding. A narrativa é baseada no livro 3000 dias no bunker (Editora Record), do jornalista e escritor Guilherme Fiúza.
Usando a argumentação distorcida dos que não admitem o contraditório, o grupo, que diz defender a democracia, mas pratica uma forma de pensamento que precisa ser combatida e denunciada por feri-la, ao se recusar a acolher uma obra que retrata a criação do Plano Real, talvez a parte mais brilhante da História Econômica do Brasil recente, fere também a liberdade de expressão e criação.
A censura pegou tão mal que o cineasta Cacá Diegues, homem de esquerda, declarou: “O que esses rapazes e moças fizeram é uma vergonha para quem deseja se manifestar através da cultura, um território humano que só existe, em toda a sua dimensão, se for exercido em liberdade. Uma liberdade que é a única fonte possível de qualquer manifestação do pensamento”.
O país vive há tempo demais sob o domínio do pensamento único e isso precisa parar. Anos de investimento zero em educação, aliados a um massacre constante a toda expressão que não fosse de extrema esquerda, fizeram com que perdêssemos a capacidade de questionar, ir a fundo. A tendência é aceitar o que nos oferecem como se verdade fosse. Tempos de banalização do mal, de fake-news, da tão proclamada pós-verdade.
Tentar apagar no grito o Plano Real, que possibilitou a estabilidade econômica vivida durante os anos de governo FHC, que as administrações petistas – Lula e Dilma à frente -, se empenharam tão aplicadamente em desmontar, é levar a pós-verdade a extremos absolutos. Não permitiremos.
Assim como não permitiremos qualquer solução para o grave momento que o Brasil atravessa que não esteja estritamente dentro da legalidade constitucional.
Os que ontem gritavam contra o filme sobre o Plano Real em nome da democracia, são os mesmos que falam em eleições diretas já, também como meio de preservação do sistema democrático, empunhando bandeiras pela volta de Lula, ou pela manutenção do imposto sindical obrigatório. Esse argumento é falso e só pode prosperar em um movimento de manada, típico em populações dominadas pelo pensamento único, condição que, felizmente, mostramos estar superando rapidamente nos últimos tempos.
Não há Democracia – assim, com “D” maiúsculo – fora da Constituição Federal, lei maior do país. Qualquer tentativa de mudar seus artigos em momento de crise é atentar contra a CF e contra o regime democrático, não preservá-lo. Não passarão, muito menos usando violência. O resgate histórico do Plano Real, que é apresentado às novas gerações de brasileiros, simboliza para nós, do PSDB, também a reafirmação de nossos valores para que nesta, que é a maior crise política que já vivemos, fique bem claro nosso compromisso com aquilo que nos é mais caro; a responsabilidade perante o Brasil.
(*) – É professora universitária, economista, comunicadora, consultora, deputada federal pelo PSDB em seu quarto mandato. Como política já ocupou os cargos de Ministra do Planejamento e Governadora do RS.