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ISO 56.002: como fazer a inovação acontecer na prática?

em Artigos
quinta-feira, 25 de julho de 2019

Alexandre Pierro (*)

O Brasil ainda precisa percorrer um longo caminho até conseguir ingressar de vez no mindset da inovação.

Isso porque ainda lidamos com um círculo empresarial apegado a conceitos e valores antiquados que, como demonstra a crise dos últimos anos, não é mais viável. As mudanças do mundo são constantes, cada vez mais rápidas e dinâmicas, e a verdade é que essa é apenas uma parte da evolução da complexidade humana.

Apesar disso, o mercado não está estagnado, e as mudanças de comportamento do consumidor demonstram que não importa o quanto as empresas se apeguem ao passado, seus clientes já estão vivendo o futuro, e pior, ao lado de seus concorrentes internacionais.

Nesse contexto, há quem já esteja se movimentando. Não é à toa que a ISO, que é uma organização mundial, formatou a ISO 56.002, a partir de um estudo detalhado com todos os seus 163 países membro. Trata-se de uma norma que pretende permitir uma classificação real entre o que é inovação e o que não é.

A proposta da certificação é criar uma política capaz de suportar a organização no desenvolvimento de novos processos que acompanhem o mundo volátil em que nos encontramos. É uma certificação internacional, que pretende garantir que a inovação não seja apenas um discurso, mas sim uma cultura inerente ao cotidiano da empresa.

Foi um trabalho árduo. O comitê técnico de inovação foi criado pela ISO em 2008, dando início aos estudos para elaboração de uma norma específica para o assunto. Em 2013, o comitê já havia levantado todas as normas de inovação dos países associados. A partir de 2015, começaram as reuniões para elaboração da norma.

Em linhas gerais, o texto diz que inovação é a introdução de produtos, processos, métodos ou sistemas que não existiam anteriormente, ou que contenham alguma característica nova e diferente da até então em vigor. A norma avalia, basicamente, seis pilares de inovação: liderança visionária, gestão de insigths, gestão de risco, cultura adaptativa, realização de valor e abordagem de processos.

Com base nesse novo modelo criado, a norma cria uma ferramenta de gestão baseada em uma política para inovação, estabelecendo objetivos e decidindo métricas para quantificar e qualificar os resultados. As empresas que buscarem se certificar passarão por uma fase de diagnóstico, onde identificarão se a cultura de inovação já existe e precisa apenas de adaptações, ou se a certificação servirá como uma ferramenta para implantação desse novo mindset.

A próxima fase estabelece um cronograma, que varia caso a caso, uma vez que é completamente personalizado para cada empresa. Quando os ajustes estiverem prontos, uma acreditadora ligada ao Inmetro faz a avaliação para certificar. Todos os tipos de empresa podem – e devem – buscar a ISO 56.002 para garantir que seus processos de gestão da inovação sigam as melhores práticas do mundo.

Essa será uma grande oportunidade de transformar as empresas brasileiras, disseminando condutas inovadoras ideais para enfrentarmos os desafios que estão sendo impostos todos os dias pela modernidade. As empresas já perceberam que o mundo mudou e elas precisam mudar junto para continuarem ativas.

(*) – É engenheiro mecânico, bacharel em física aplicada pela USP e fundador da Palas, consultoria em gestão da qualidade e inovação (www.gestaopalas.com.br).