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Investimentos alternativos: como esse mercado pode ser positivo?

em Artigos
segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Renato Nobile (*)

A diversificação nos investimentos é fundamental e está cada vez mais compreendida por quem decide guardar dinheiro. Mesmo os iniciantes são orientados a mesclar seus ativos como forma de aumentar o retorno potencial da carteira ou mesmo para evitar perdas que podem ocorrer de acordo com a movimentação do mercado. Nesse contexto, um conceito diferente vem ganhando espaço, que são os investimentos alternativos.

Os investimentos alternativos são aqueles que não se enquadram nas categorias tradicionais de renda fixa e renda variável, como ações, títulos e imóveis. Dentro desta definição, estão incluídos ativos e estratégias menos convencionais, como criptomoedas, commodities, arte, Private Equity (investimentos em empresas de capital fechado), Venture Capital (capital de risco), entre outros.

Além da diversificação, esse tipo de investimento pode oferecer outras vantagens, como proteção contra a inflação, baixa correlação com o mercado tradicional e potencial de retornos mais altos. No entanto, eles também envolvem riscos, entre eles a volatilidade, menor liquidez e menor regulamentação. Por isso, é importante conhecer bem as características e objetivos de cada um deles antes de investir.

Com forte presença em países desenvolvidos, os investimentos alternativos estão começando a tracionar aqui no Brasil, até porque, historicamente, o país sempre contou com altas taxas de juros, o que torna os investimentos em renda fixa mais atrativos e menos arriscados. Mercados que apresentam uma economia dinâmica e um ambiente favorável à inovação e ao empreendedorismo, assim como encontramos nos EUA – que, hoje, lidera o mercado global de investimentos alternativos – seguido por China e Reino Unido, estão bem mais adiantados.

Outro fator que impediu a evolução dos investimentos alternativos por aqui é a falta de conhecimento das características, objetivos, riscos e as vantagens de cada tipo de investimento e a baixa oferta e diversidade de produtos e gestores no mercado nacional, que limita as opções de escolha e alocação dos investidores. Ativos alternativos tendem a ser menos líquidos que os tradicionais e são uma classe de investimentos mais arriscada, exigindo, assim, maior conhecimento e grau de análise por parte dos investidores.

No entanto, há inúmeros benefícios que merecem ser destacados, entre eles a baixa correlação com os mercados tradicionais, situação que impede que sejam impactados por fatores macroeconômicos ou políticos, funcionando com um componente para diversificação do portfólio dos investidores. Também representam uma oportunidade de imergir em setores e empresas que estão na vanguarda da tecnologia e da inovação, como Inteligência Artificial, blockchain, cloud computing e cybersecurity, ou seja, setores que oferecem um maior potencial de retorno no longo prazo.

E parece que o mercado já está percebendo isso. As perspectivas dos investimentos alternativos para todo o mundo até o final do ano são positivas, conforme relatório da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) e da TTR Data. No Brasil, os investimentos de Private Equity e Venture Capital somaram R$ 6,47 bilhões no primeiro semestre de 2023. Na mesma linha, os investimentos em ativos, como criptomoedas, fundos imobiliários e royalties musicais vêm se destacando e atraindo cada vez mais interessados.

Ainda é cedo para trazer uma resposta precisa sobre as perspectivas dos investimentos alternativos em 2024, pois dependem de vários fatores que podem mudar ao longo do tempo. No entanto, é possível fazer algumas projeções baseadas em cenários e tendências. É esperado que os investimentos em tecnologia, saúde e energia continuem em alta, já que são setores que estão na vanguarda da inovação e que podem se beneficiar da recuperação econômica pós-pandemia.

Por fim, é possível que os investimentos em ativos alternativos se tornem mais acessíveis e democráticos, graças ao avanço das plataformas digitais, da regulação e da educação financeira. A tendência é que esse mercado continue crescendo nos próximos anos, impulsionado pela queda dos juros, pelo aumento da demanda por soluções digitais e pela busca por inovação.

(*) É CEO e gestor da Buena Vista Capital – gestora de fundos abertos 100% focada em inovação e Venture Capital (VC).