Renato Gil (*)
Nove em cada 10 startups fecham em menos de dois anos por falta de experiência.
Em meio à pandemia e com o mercado aparentemente desaquecido, uma das opções de muitos empresários que buscavam se reencontrar ou até mesmo de iniciantes no ramo – que visavam o próprio negócio – viram como alternativa iniciar uma startup. O ano de 2020 registrou o melhor desempenho em captação de investimentos, de acordo com o relatório Inside Venture Capital Brasil divulgado pelo Distrito Dataminer.
Porém, isso não quer dizer que todos tiveram sucesso, afinal no mercado o importante é a conquista. A pandemia fez o cenário econômico mudar e as medidas de segurança necessárias para garantir a saúde de todos impuseram novos comportamentos. O home office se tornou uma realidade muito mais presente, os serviços delivery ganharam um destaque ainda maior e os pagamentos por aproximação também. Tudo isso fez o digital se consolidar definitivamente no Brasil e as empresas de tecnologia aproveitaram.
Para iniciar, não basta colocar a mão na massa, simplesmente. Nove em cada 10 startups fecham em menos de dois anos por falta de experiência, acompanhamento das mudanças e tendências mundiais. É necessário criar estratégia, fazer planejamento e usar a criatividade para que a jornada seja menos árdua e de sucesso. Quando o assunto é receber incentivo financeiro, ter aportes, não basta apenas querer, dizer que seu projeto é diferente e trabalhar muito. É preciso mostrar, acreditar e conquistar.
Se tivesse um cronograma fixo para ser seguido passo a passo seria fácil, mas não é como uma receita de bolo. Atuo com mais de 100 startups e converso com os meus clientes sempre com foco em mostrar o melhor caminho para que tenham mais oportunidade de conquista, sendo eles diferentes entre si. O primeiro passo é realizar o MVP (produto viável mínimo) da empresa, para mostrar que a sua ideia tem potencial no setor e realmente resolve uma dor genuína do mercado.
O segundo passo é ter um time bom o suficiente para passar segurança para o investidor, com todas as respostas para possíveis perguntas e prospecção futura. Depois, é interessante ter uma apresentação impactante da startup, que converse com toda a comunicação do negócio, ou seja, o site, as redes sociais e as apresentações devem ter o mesmo padrão visual.
Estando minimamente estruturado, é importante mostrar que tem 100% de entendimento do próprio negócio, analisando e sabendo o mercado que está inserido, e, principalmente, mostrar que você é apaixonado por aquilo que está fazendo, e está resolvendo. O investidor gosta de sentir segurança, e também observa se toda equipe é capacitada e está pronta para resolver o problema específico.
As startups brasileiras bateram o recorde em captação de investimentos no ano passado e, impulsionado pela alta demanda por ferramentas digitais, o setor somou US$3,5 bilhões em aportes, montante 17% superior aos US$2,97 bilhões levantados em 2019. O mercado de startups também bateu recorde ano passado em número de rodadas, com a maioria dos aportes concentrada em startups nos estágios iniciais (Anjo, Pré-Seed e Seed), e M&As (fusões e aquisições), que dispararam 154% em relação a 2019.
Já os dados em 2021 são ainda melhores: No primeiro semestre de 2021, as empresas brasileiras já receberam US$ 5,2 bilhões, segundo o Inside Venture Capital, relatório da empresa de inovação Distrito. Na comparação apenas com o primeiro semestre de 2020, a alta é de 299% e representa um recorde histórico, superando em 45% o visto ao longo de todo o ano de 2020. Diante dos dados, sabemos que oportunidades existem, mas não acredite que é apenas porque você merece.
Faça a diferença! E aí, vai encarar?
(*) – É co-fundador da 2Simple, que atua na criação de estratégias para startups, transformação de ideias em negócios sustentáveis e conexão de empreendedores com investidores.