Ubiratan Lima (*)
Tem ficado cada dia mais claro o quanto as empresas, dos mais variados setores, têm investido em tecnologias que envolvem inteligência artificial (IA). De acordo com levantamento da McKinsey, 72% das empresas do mundo já adotaram essa tecnologia em 2024; um número significativo, considerando que em 2023 era pouco mais da metade das empresas (55%).
Pousando o olhar para o Brasil, os índices são mais tímidos, mas ainda assim bastante significativos: 47% dos negócios brasileiros já utilizam IA, segundo estudo da Logicalis. Estamos lidando com um avanço de poder revolucionário. Principalmente, na capacidade de processar e interpretar dados, que nada mais são do que a matéria-prima da economia digital.
Em uma era de superconexão, dados são gerados a todo momento e se autoalimentam em processos de análise que, se bem organizados, podem apresentar insights valiosos. Os dados por si só, avulsos, não geram inteligência ou capacidade de decisão — é então que há a oportunidade de uso “inteligente” da inteligência artificial.
Na área de gestão e oferta de crédito isso já é realidade. Costumo dizer que não existe crédito mal-dado, existe crédito mal avaliado. A inteligência artificial desempenha um trabalho espetacular ao mitigar assimetrias de informações de mercado com uma análise preditiva que resulta em antecipação de riscos. Não exagero em dizer que o uso de IA, juntamente com a big data, é a nova era do crédito.
A necessidade de crédito na nossa sociedade atual tem épocas de altos e baixos, mas jamais de estaca zero. Por isso, a importância de ter a tecnologia como aliada na descomplicação do acesso ao crédito. No caso de empresas que atuam como fornecedora de crédito, seja para outras empresas ou para pessoas físicas, a IA tem uma grande relevância na rastreabilidade de informações e aceleração dos processos.
Cada cliente tem sua particularidade, que em um sistema automatizado que utiliza algoritmos, são vistos como dados a serem analisados. Em outras palavras: é a digitalização de processos de análise de crédito, o “workflow digital”. Importante destacar que não se trata de evidenciar mais casos de restrição de crédito, mas o contrário.
Com a análise preditiva apurada pela IA, maiores são as chances de fornecer o serviço com mais assertividade, além de mais segurança para quem oferta e quem recebe o crédito, já que ao customizar o melhor cenário possível com o uso de inteligência artificial, as chances de inadimplência são bem menores. No médio e longo prazo, esse ritmo gera mais negócios, o que impacta também a economia do país.
Ou seja, mesmo que você não use inteligência artificial diretamente, muito provavelmente será impactado por ela, ainda que indiretamente. Com as festas e viagens de final de ano, mais as contas de começo de ano que costumam tirar o sono de muitos brasileiros e brasileiras, o pedido por crédito tende a aumentar a partir do segundo trimestre.
Agora é a hora de empreendedores que conhecem o mercado aproveitarem suas expertises para investir em tecnologia da forma correta e que traga aprendizado, assertividade e segurança ao seu negócio.
(*) – É diretor de relacionamento da BU de riscos da Dimensa (https://dimensa.com/).