Christian De Cico (*)
Na virada da década, a febre das startups tomou conta do Brasil. Unir tecnologia com serviços que facilitam a vida das pessoas tornou-se o objetivo principal de muitos empreendedores.
Foi aí que um ambiente profissional mais descontraído e com ares de “trabalho sem sair de casa” ganhou espaço e começou a chamar a atenção dos jovens no mercado de trabalho. Esse ambiente diferenciado, que unia a satisfação de trabalhar em algo novo com um modelo de negócio disruptivo e desafiador era um diferencial que as empresas ofereciam, até deixar de ser.
Agora, todas essas características interessantes ao trabalhador se tornaram pré-requisito para empresas que querem manter funcionários valiosos no seu time e cresceram no mercado, sobretudo o de tecnologia e comunicação. A Sociedade Americana de Designers de Interiores (American Society of Interior Designers) publicou, recentemente, pesquisa que constata que ter um ambiente de trabalho satisfatório é a terceira maior preocupação dos funcionários (21%), após beneficios (22%) e bons salários (62%).
Profissionais talentosos não se contentam mais em ter apenas um ambiente profissional com ferramentas próprias para a realização do trabalho e um bom salário. Mais do que ser capaz de executar suas funções, o profissional precisa sentir que está fazendo um trabalho significativo ao mesmo tempo em que explora seu potencial enquanto pessoa e profissional.
Dessa maneira, o mercado de startups se torna muito mais atraente do que grandes empresas. Startups são empreendimentos que já nasceram em um ambiente digital e entendem as necessidades pessoais e profissionais dos funcionários que trabalham nas mesmas. Salas de descompressão, “cochilódromos”, salas de jogos e outros mimos cada vez mais se tornam ambientes comuns em startups e empresas, tudo para conferir aos funcionários um local mais aconchegante e compensador.
Dessa maneira, a empresa pode reter os funcionários valiosos ao mesmo tempo em que atrai o interesse do mercado de trabalho. Com grande quantidade de candidatos interessados na empresa, a qualidade dos profissionais contratados só tende a crescer. Para medir esse cenário, foi criado o prêmio Great Places To Work, que funciona como um indicativo a empresas que têm um cuidado maior com a felicidade dos funcionários que atuam na companhia. Daqui para frente, a preocupação com o bem estar dos funcionários só tende a crescer.
Com a crise econômica pela qual o Brasil atravessa, a necessidade de reduzir gastos fez com que as empresas retivessem apenas os funcionários que eram necessários para a empresa. Com o fim dessa crise, as empresas voltarão a contratar, mas agora visando talentos, que não aceitarão menos do que um ótimo ambiente de trabalho que os permita crescer e conduzir um trabalho significativo.
(*) – Engenheiro de produção com foco em otimização de processos e redução de custos, fundou o Arquivei para resolver problemas contábeis e fiscais de sua construtora civil.