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Halving: uma transformação além do preço em meio à pandemia

em Artigos
sexta-feira, 08 de maio de 2020

Daniel Coquieri (*)

O mercado financeiro é marcado por um cenário constante de altas e baixas, tudo vive em transformação.

E tudo se intensifica na fase de pandemia que estamos passando. E, se isso acontece com moedas tradicionais, por que seria diferente no mundo das criptomoedas? Durante os últimos dois meses de quarentena, o Bitcoin teve oscilações grandes de queda, chegando a custar R$ 21.750,00, em março, e tão rápido quanto a descida, teve uma recuperação, trazendo o preço para R$57.500,00 em maio.

Neste ano, os investidores irão se deparar com o fenômeno que ocorre a cada quatro anos e todos que aplicam seu dinheiro em Bitcoins devem ficar atentos: o halving. Diferente do que muitos imaginam, o software do Bitcoin foi programado para ter a escassez de moedas a longo prazo. O que isso quer dizer?

Esses sistema precisa emitir 21 milhões de moedas durante um período determinado de tempo e, para que possa cumprir essa jornada dentro das datas especificadas, ele precisa diminuir essa emissão a cada quatro anos, reduzindo pela metade o total ofertado. Para aqueles que estão curiosos: o próximo está estimado para esta segunda-feira (11), e o último bitcoin deve ser minerado em 2140.

Mas, como este fenômeno acontece em um cenário totalmente novo, é prematuro dizer que haverá valorização ou queda. A tendência após o halving é de valorização, mas há muitos fatores de procura e demanda que podem influenciar a precificação neste momento. Temos aí um período de pouco mais de 80 anos para explorar as possibilidades do Bitcoin. Por exemplo, depois do boom em 2017 no Brasil, cada vez mais pessoas buscam investir na critpomoeda.

Um levantamento da Receita Federal nos mostra que, entre agosto e setembro de 2019, os brasileiros declararam quase R$ 14 bilhões em transações com moedas virtuais. Ou seja, podemos ver aí um cenário otimista, mas também é preciso ponderar, pois não podemos cravar que haverá um aumento na precificação. A tendência é a valorização, mas isso pode demorar um tempinho, pós halving, para acontecer.

A diminuição da oferta de novos bitcoins no mercado acaba gerando um impacto positivo no preço do ativo, baseado no que já observamos em ocasiões anteriores a 2020. E olha que temos hoje um cenário bem diferente de quando tudo começou. O mercado de 2012 tinha tamanho, players e liquidez diferentes, assim como em 2016.

Sendo assim, temos a expectativa de que o preço suba, mas não podemos cravar com precisão uma vez que estamos sujeitos a lei de oferta e procura. Aliás, esta demanda, provavelmente, também deve subir visto que o tema vai estar em alta no mercado e a recuperação da moeda durante a pandemia foi melhor que a do mercado tradicional, fazendo com que mais pessoas se interessem por Bitcoins.

Mais do que promover uma revolução em valores de ativos, o halving irá modificar também o mercado. É possível até que impacte outras moedas, trazendo uma mudança no comportamento do investidor que, após ouvir sobre o fenômeno, pode também aproveitar o momento para colocar uma parte do investimento em outro ativo em menor proporção.

Veremos então, um movimento de compra fracionada de moedas para aproveitar o melhor momento de valorização. Dizer que o halving está chegando não significa fazer uma previsão de que os preços irão disparar, mas que o comportamento do mercado e a crise existente irão se transformar em uma atividade consciente, inteligente e calculada de investimentos.

(*) – É COO e cofundador da BitcoinTrade, corretora especializada no mercado brasileiro de criptomoedas.