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Governos de visão restrita

em Artigos
terça-feira, 17 de abril de 2018

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

Pelo fato de não ter de se preocupar com os traumas eleitorais, a China tem uma grande vantagem nas contendas

Quando se fala em pôr limites aos arranjos dos mercados, a percepção correta deveria ser a de que os homens que os comandam se tornaram restritos materialistas, voltados apenas para os aspectos econômicos e financeiros, pondo de lado a amplitude da extensão humana.

O homem que visa possuir muito dinheiro em suas mãos, geralmente só acredita no poder do dinheiro e por isso sempre quer mais, aproveitando-se da situação para impor a sua vontade sobre os demais. Ele “compra” especialistas para que desenvolvam teorias adequadas aos seus objetivos, divulgando-as nas mídias como se fossem verdades inquestionáveis, fazendo tudo convergir para o econômico.

No Brasil, enfrentamos décadas de desmazelo na gestão dos governos federal, estadual e municipal. Teorias e truques aplicados para debelar a inflação, sem o combate das suas causas, criaram uma caótica situação de desajuste nas contas públicas levando a dívida para o equivalente a mais de um trilhão de dólares, contraída por displicência e abusos.

A economia ainda está no sufoco dada a desindustrialização, queda nas receitas e perda de empregos, iniciada com a valorização do Real e agressividade da concorrência externa, agravada com as decisões imediatistas dos governos Lula e Dilma, que tudo faziam para se perpetuarem no poder com vistas à implantação de governo totalitário.

Pelo fato de não ter de se preocupar com os traumas eleitorais, a China tem uma grande vantagem nas contendas, o que a faz invejada nos círculos do poder que sonham com a possibilidade de substituir a classe política por funcionários e especialistas contratados. Os EUA, por sua vez, enfrentam elevado déficit duplo, nas exportações e nas contas internas, nas quais já se fazem previsões do montante de um trilhão de dólares para o ano de 2020. É a voragem do descontrole financeiro no mundo. As despesas com juros tendem a superar a casa de 3% do PIB.

Enfim, há uma grande embrulhada nas relações econômicas que irá demandar pesados pacotes de ajustes, acarretando consequências para o mundo todo. Problemas sempre existiram, mas agora temos uma aglomeração de consequências de ações do passado pautadas pela lógica de poder e domínio. No entanto, o que se vê é que esperam corrigir as incoerências aplicando o mesmo método.

A sociedade acabou caindo nas mãos dos míopes que perderam a visão da finalidade essencial da vida, enxergando apenas seus interesses imediatistas de acúmulo de dinheiro e poder. Tudo está sendo conduzido para manter a humanidade apática, sem se esforçar para melhor compreensão do significado da vida. Com a aceleração geral dos acontecimentos e agravamento da miséria, as deficiências vêm à tona, mesmo assim a humanidade continua lenta na busca da verdade da vida.

O elevado espiritual deveria estar acima do material, mas a humanidade teria de conhecer as leis que residem na Criação para viver de acordo com elas. O Estado não deve ficar sob a tutela de uma religião, pois em geral elas estão distantes do reconhecimento dessas leis, optando por desenvolver uma legislação própria. Da mesma forma o Estado não deve ser empresário nem se imiscuir na atividade econômica que deve ser de natureza privada; porém as empresas, valendo-se de seu potencial financeiro, também não poderiam impor seus interesses ao Estado e à população.

Poucos esforços têm sido feitos no sentido de compreender a natureza e a lógica de suas leis. A grande verdade é que os seres humanos têm sido afastados de mil maneiras da finalidade da vida para não analisarem nem refletirem intuitivamente sobre os acontecimentos que os cercam.

O terreno árido de nossos dias vai sendo preparado para o domínio da frieza tecnocrática e a robotização, em vez de permitir que o pensamento seja conduzido pela percepção intuitiva que capacita o ser humano a não permanecer na condição de máquina de pensar, mas com visão ampla para extirpar as inconsistências desta era, voltando-se para o aprimoramento e para a construção de um mundo que tenha a esperança de futuro melhor.

(*) – Graduado pela FEA/USP, coordena os sites (www.library.com.br) e (www.vidaeaprendizado.com.br). Autor dos livros: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; 2012…e depois?; Desenvolvimento Humano; O Homem Sábio e os Jovens, entre outros ([email protected]); Twitter: @bidutra7.