Cadu Guerra (*)
Notícias sobre fusões e aquisições, os famosos M&As, não param de aparecer, principalmente por conta do atual aquecimento do ecossistema de startups.
Segundo dados da pesquisa “ABES/BR Angels/Solstic Advisors: percepções sobre fusões e aquisições no atual cenário do mercado brasileiro”, realizada em julho pela Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES), o BR Angels Smart Network e a Solstic Advisors, 50,5% dos empreendedores e executivos pretendem realizar alguma transação de fusão e aquisição nos próximos 12 meses.
O processo de fusão e aquisição nada mais é que uma transação financeira para compra, venda ou fusão de empresas, que tem como objetivo aumentar a produtividade e a eficiência para maximizar os lucros e trazer vantagens estratégicas. Muito comum no mundo dos negócios, essa ação ajuda tanto as grandes empresas quanto as startups, pois causam efeitos no mercado nacional, que passa a sentir o impacto dessas movimentações.
No processo de fusão há uma colaboração estratégica entre as empresas, complementando as atividades uma da outra. Em aquisição, uma empresa compra a outra para aprimorar e expandir seus negócios, além de tomar todo o controle sobre a empresa adquirida. Esses processos podem acontecer com empresas maiores incorporando startups, ou mesmo startups maiores adquirindo startups menores.
Neste último caso, percebe-se que cada vez mais as startups realizam aquisições. Segundo dados do Distrito, no primeiro semestre de 2021, 54% dos processos de fusões e aquisições de empresas de tecnologia foram realizados entre startups. Assim, as mais consolidadas no mercado buscam aumentar e diversificar sua carteira de produtos ou serviços e conseguem novos talentos para seu quadro de colaboradores.
No entanto, com toda essa movimentação de mercado, os empreendedores devem ter alguns cuidados. Se não houver uma estratégia bem pensada e sólida, o negócio pode ser colocado em risco. É necessária uma análise minuciosa para entender o negócio, o comportamento de mercado e qual será a estrutura da empresa depois do processo, porque isso atinge também os colaboradores e consumidores. Por outro lado, pensando nos benefícios dessas operações, quem ganha com os M&As é o mercado brasileiro.
Isso porque o processo ajuda a difundir boas tecnologias desenvolvidas por startups, que por muitas vezes têm falta de capital para escalar na velocidade desejada e não conseguem atingir o impacto máximo. É importante reforçar que a fusão ou aquisição pode acontecer por alguns motivos, como por exemplo, internalizar uma solução que atende a uma dificuldade interna ou até mesmo ‘dar asas’ a uma startup.
As grandes empresas também enfrentam seus próprios desafios dentro desse ecossistema. Com tantas mudanças tecnológicas e o comportamento do consumidor em constante transformação, instituições mais tradicionais podem ter dificuldades em acompanhar esse ritmo, por isso incorporar startups pode ser uma forma de não ficar para trás. Elas já têm produtos e serviços inovadores que já alcançaram seu espaço no mercado, então, pode ser uma estratégia mais segura do que criar uma solução inovadora dentro da própria empresa.
O fato é que, com o ecossistema de tecnologia e inovação aquecido, soluções surgem o tempo todo e tanto startups quanto companhias expandem seus negócios em busca de novos públicos e ideias inovadoras. O resultado dessas transações tem um impacto enorme no mercado e um saldo muito positivo, com diversidade de ideias e novas tecnologias.
(*) – É CEO do Allugator, maior plataforma de assinatura de aparelhos eletrônicos da América Latina (www.allugator.com).