Henrique Antunes (*)
No meio da saúde, “Glosar” financeiramente é o ato de não concordância em um pagamento por um viés contratual, clínico ou, até mesmo, administrativo.
O fato de um insumo ou serviço hospitalar não ser acatado por uma operadora não significa necessariamente a instância de uma glosa. Existem rejeições em contas simplesmente por não corroborarem com o mínimo aceitável. Imaginem uma cobrança de duas diárias em um único dia. Ou então cobrar múltiplas taxas de sala em procedimentos simultâneos. Isto é lógico ou aceitável?
Pois bem, neste caso se trata de faturamento indevido, algo bem diferente de glosa, e que deve ser bem mitigado pelos gestores hospitalares, um verdadeiro controle de risco que deve ser tratado com ferramentas em automação. A assertividade deve ser garantida apenas pelo fator sentinela do processo agregado à tecnologia.
Controlar, então, é a palavra-chave para gerir e otimizar este indicador.
Entender os processos, evitando erros por cobrança indevida trará um saneamento fundamental ao ciclo financeiro da sua instituição de saúde. Afinal, a previsibilidade de receita é crucial em qualquer economia de mercado. Não tem negócio que se sustente com a realidade aquém da expectativa. Não seria diferente na gestão hospitalar. Errar na cobrança agrega também um reprocesso custoso e perigoso à instituição, além da manipulação excessiva de contas médicas.
Quando mais ajustar uma conta médica por cobranças indevidas, mais estará suscetível a falhas nas cobranças devidas. Isso mesmo, devidas! Os prazos e metas a cumprir trazem um estresse normal em todos os setores. Estressados contra o tempo, analistas de contas podem deixar de cobrar algo devido, por tanto trabalhar no lançamento e ajustes de itens indevidos.
Estima-se que 45% [Dados da ANAHP] dos lançamentos em conta são alterados, excluídos ou inseridos de forma manual. Assim, bem melhor que acertar é deixar de errar. Quando se controla os números e as origens dos faturamentos indevidos através da automação é possível limpar esta sujeira. Nada de pôr para debaixo do tapete, e sim resolver na origem. Controlando a reincidência é possível ir ajustando e evitando manipulações desnecessárias.
Tudo com a devida rastreabilidade em motivos de ajustes separados. Indevido é indevido, glosa é glosa. Se o ciclo travar, que seja pelas glosas administrativas, as quais muitas vezes não existe forma de evitar. O ganho na assertividade da cobrança será impactante na antecipação de caixa e redução do ciclo financeiro.
Atenção redobrada a estes indicadores, afinal não é possível dar ao credor a chance de travar os recebíveis. Se o ciclo travar, que seja pelas glosas administrativas, as quais muitas vezes não existe forma de evitar.
(*) – É Diretor Executivo e Cofundador da GIF HealthTech.