Eduardo Shinyashiki (*)
A família é um sistema vivo em contínua mudança e transformação. Os contextos mudam, os filhos crescem e os pais amadurecem.
Cada um deve fazer a sua parte como elemento participativo e exercitar a flexibilidade e o reconhecimento. É fundamental que exista um terreno de amor, afetividade, cumplicidade, intimidade e respeito entre os membros da família. Para isso, inicialmente, o comprometimento maior é dos adultos.
Eles têm um papel importante até no que diz respeito aos ensinamentos das habilidades socioemocionais, ou seja, muito mais que a comunicação e o diálogo, é preciso transmitir também emoções, sentimentos e energia. Diante disso, fica claro que ter um filho é uma grande responsabilidade. Ele chega com um “cartão de existência” para os pais: “estou aqui. O que vocês me oferecem?”.
Começa então a missão de cuidar e educar. Essa relação inicial é o alicerce para formar laços fortes e, consequentemente, criar uma família unida. A construção da realidade é diária e subjetiva. É importante se colocar no lugar do outro e ver a realidade com os seus olhos. Inclusive, os primeiros anos de vida são essenciais para mostrar aos filhos que eles são amados, protegidos e que podem contar com os pais. Isso ajuda a reforçar a autoestima e autoconfiança da criança.
O efeito principal disso tudo é a criação de bases emocionais sólidas, para que se tornem mais preparados e, assim, enfrentem com segurança o mundo externo e acreditem que viver é sinônimo de felicidade e não de sofrimento. E, mesmo que o relacionamento entre o casal não perdure, as referências do pai e da mãe devem ser evidenciadas.
No entanto, não é só o contato com os pais que merece atenção, pois é por meio das relações com os avôs, tios e primos que a criança se reconhece como pertencente a uma genealogia, a uma descendência e vive as primeiras experiências de relação social. Os parentes não só ajudam na transmissão de valores e da identidade familiar entre as gerações, como também atuam com uma ação de apreciação, reconhecimento e valorização, sem carregar as expectativas que, muitas vezes, os pais têm.
Portanto, preocupar-se menos com o supérfluo e com os bens materiais, ter uma atenção maior ao tempo dedicado ao convívio são fatores essenciais para o conhecimento mais profundo um do outro. Geralmente, o filho quer a presença dos pais e recebe um brinquedo; quer falar e ser ouvido, porém ligam a TV; precisa ser acolhido e chora, mas é desqualificado em vez de ser atendido.
É preciso cuidar da família como um ser vivo, que precisa de atenção, dedicação e amor para sobreviver de forma saudável e não se perder na solidão emocional. Cuidar das relações, do coração e do espírito, alimentar não só o corpo, mas a mente e a alma dos filhos. No exemplo e na coerência dos adultos, os filhos se espelham, constroem o caráter, a identidade e a relação com a vida.
É compromisso dos pais permitir que os filhos se expressem em relação a eles: “Por ‘culpa’ dos meus pais, eu sou feliz”.
(*) – Mestre em neuropsicologia, liderança educadora e especialista em desenvolvimento das competências de liderança organizacional e pessoal. É referência em ampliar o poder pessoal e a autoliderança das pessoas, por meio de palestras, coaching, treinamentos e livros (www.edushin.com.br).