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Enquanto a utopia está longe, o compliance pode ajudar

em Artigos
quarta-feira, 26 de maio de 2021

Eduardo Tardelli (*)

Não é novidade que a discriminação existe e negar isso foi, durante muito tempo, a política da maioria das empresas.

Assim como os tempos são outros, as demandas da sociedade também mudaram e por isso, mais do que nunca, é necessário garantir um bom convívio, respeitando a diversidade no ambiente de trabalho – e aí entra o compliance antidiscriminatório. Regras, controles e processos para identificar, prevenir e acabar com possíveis situações discriminatórias são cada vez mais necessárias.

A discriminação não ocorre só por meio do uso de palavras inadequadas ou de ações explicitamente grosseiras, mas sim em receber um tratamento desfavorável por conta da sua cor, raça, etnia, gênero, orientação sexual, visão política, classe social, deficiência física e diversos outros motivos nem um pouco razoáveis. Os danos causados por ações discriminatórias vão desde emocionais até financeiros, sendo impossível mensurar os efeitos a médio e longo prazo.

Só quem sofre com algo assim sabe o que pode ser acarretado. O compliance, de maneira geral, veio para atender as demandas da sociedade para que as empresas tenham políticas de inclusão e de justiça social. O compliance antidiscriminatório, especificamente, cria processos e normas para que ações assim não aconteçam e que caso ocorram, existam canais de denúncias e programas que acolham a vítima e puna o responsável.

Outro ponto chave do compliance antidiscriminatório é a execução de códigos de ética e conduta – que não são nada mais que um manual de boas práticas e do que deve-se ou não fazer e dizer no ambiente de trabalho.

A tecnologia pode ser uma aliada poderosa nesse processo: além de disseminar as políticas internas, o Big Data e a mineração de dados podem buscar muitas informações em um curto espaço de tempo, fazendo com que as equipes de compliance, RH e gestão de riscos consigam realizar checagens para tomar as suas decisões de forma mais precisa.

Ser membro ativo na integração com a diversidade é mais do que apenas uma demanda da sociedade, é uma necessidade que existe por parte das empresas em gerar aspectos que levam as pessoas a se identificarem com os seus valores e assim se tornarem seus consumidores.

Seria hipocrisia dizer que não há marcas que abracem a diversidade apenas por status, publicidade e likes nas redes sociais, e nestes casos, são comuns que não tenham integração alguma e que na rotina do trabalho aconteçam casos discriminatórios. Infelizmente ainda existe esse tipo de política vazia. É preciso que haja uma ação coletiva para que todos tenham objetivos em comum e assim tornem o mercado de trabalho verdadeiramente mais inclusivo.

Gostando ou não, as ações contra a discriminação são uma realidade. Seria maravilhoso se esse tipo de atitude não fosse necessária, uma vez que as pessoas soubessem tratar todas com a mesma igualdade e respeito, mas enquanto o mundo ideal está longe, o compliance pode ajudar.

Sua empresa já pensou nisso?

(*) – É CEO da upLexis, empresa de software que desenvolve soluções de busca e estruturação de informações extraídas de grandes volumes de dados (Big Data) da internet e outras bases de conhecimento.