Cadu Guerra (*)
Criar um negócio de sucesso é uma tarefa desafiadora para empreendedores de qualquer segmento, afinal, toda empresa está sujeita a diversas influências no mercado, sejam elas questões de cunho fiscal, tributário, inflacionário, ou tantas outras. Quando já criada e estruturada uma companhia, por outro lado, há também desafios de expansão do negócio, fase na qual o empreendedor frequentemente esbarra na necessidade de capital para crescer, em especial quando o lucro — ou estratégia da empresa — não permite que valores internos sejam utilizados para a expansão.
Diante desse cenário, muitos empreendedores abrem-se ao mercado em busca de crédito privado, uma estratégia que pode ser muito interessante para trazer capital à empresa e desenvolvê-la de acordo com o planejado. Afinal, ao buscar capital por meio de dívida (crédito), o empreendedor não precisa vender participação acionária do negócio, evitando diluição e mantendo o controle da empresa. Por definição, o crédito privado é uma modalidade de financiamento direto de companhias.
Essa estratégia permite que sejam feitos diversos aportes e captações no mercado, de modo que são oferecidos inúmeros benefícios às partes envolvidas. Os investidores podem ter uma rentabilidade acima da média, os empreendedores conseguem recursos para crescer, e a sociedade como um todo recebe o impacto positivo do crescimento desse negócio, como uma maior criação de empregos. Por serem voltados ao financiamento de empresas, esse modelo de investimento é indicado para retornos a médio e a longo prazo para os investidores.
Para isso, é importante que o investidor observe bem a empresa, pois os investimentos de crédito privado podem ser de risco baixo (caso de companhias muito grandes, de capital aberto, auditadas por agências de rating), risco moderado (empresas grandes, mas com rating pior) ou risco de perfil arrojado (caso de negócios menores sem nenhum tipo de rating). Do lado dos empreendedores, o crédito privado pode auxiliar na saúde financeira do negócio, na viabilidade econômica de projetos de expansão, bem como na sua valorização no mercado ao longo do tempo.
Existem diferentes modelos de crédito privado, como Debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). O primeiro refere-se aos títulos em que o investidor torna-se credor da empresa, uma relação que termina quando o título chega no vencimento e ele recebe a quantia “emprestada” com o acréscimo de juros — é relevante destacar, porém, que também existem debêntures que pagam rendimentos periódicos, não somente no vencimento do título.
Os CRIs, por outro lado, são emitidos para captação de recursos voltados ao mercado imobiliário, ao passo que os CRAs são vinculados ao agronegócio e baseiam-se em financiamentos no ramo agropecuário. Como é possível perceber, é plenamente viável que um empreendedor recorra ao crédito privado para fortalecer seu negócio e expandi-lo, de uma forma saudável, positiva para sua empresa e também garantindo retornos interessantes para os investidores desses títulos.
Para tanto, é preciso montar um planejamento a médio e a longo prazo internamente que seja capaz de determinar a boa utilização do investimento que será feito, de modo que os resultados da captação dos valores sejam os melhores possíveis.
(*) – É CEO e fundador da allu, o maior serviço de assinatura de eletrônicos das Américas e colunista do Money Times.