Camila Leoni (*)
Moramos em um país em pleno desenvolvimento, composto de pessoas com uma expectativa de vida que aumentou mais de 40 anos em 11 décadas.
E muitas vezes a oferta de profissionais no Brasil tende a ser maior que o número de vagas disponíveis no mercado, e quando se fala em emprego para a terceira idade, o cenário fica um pouco mais cruel. Assim como quando pensamos nas propagandas e comunicação, em geral, para esse público ou adaptação de lugares para eles. Tudo está muito aquém.
É um mercado a ser discutido com mais atenção, além das questões de atendimento e oferta de produtos e serviços, esse perfil também demanda uma estrutura física diferenciada. O cliente da terceira idade tem um envelhecimento biológico que envolve maturidade e declínio de funções corporais. Um estabelecimento que atende a esse público precisa oferecer ambiente climatizado de forma adequada (temperatura, luz, som), com áreas para descanso e banheiros de fácil acesso.
Outra preocupação é evitar escadas no ambiente ou sinalizá-las de modo que a identificação se torne fácil. Serviços de vallet diferenciados também são válidos, como auxílio para carregar compras e descanso em filas de pagamento. Existem muitas oportunidades a serem exploradas para esse público e nem todas as empresas estão atentas a essas possibilidades e necessidades.
O segmento imobiliário está investindo nesse público, já é possível encontrar projetos de empreendimentos com instalações de repouso para idosos e apartamentos adaptados para eles, desenvolvidos exclusivamente para pessoas que têm mais de 55 anos de idade. Todos com portas mais largas, barras de apoio nos banheiros, tomadas mais baixas e acessos externos facilitados.
Algumas empresas estão apostando na mão-de-obra que a terceira idade pode oferecer e garantem programas específicos para a contratação de pessoas mais experientes, com chances de carreira. Os idosos têm se adequado, feito cursos e atualização tecnológica. No Brasil, o ranking das ocupações que mais empregaram a terceira idade, nos últimos dois anos, teve dirigentes públicos em primeiro lugar, seguido por professores do ensino fundamental e construção civil, este último apresenta saldo positivo para essa faixa da população.
Problemas de visão, redução da audição, hipertensão, labirintite e efeitos colaterais de remédios são algumas das causas dos acidentes que acontecem principalmente dentro de casa. De acordo com projeções das Nações Unidas, uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos ou mais e estima-se um crescimento para uma em cada cinco por volta de 2050.
No Brasil, não existem dados estatísticos dos tipos de instituições que estão disponíveis para idosos, mas sabe-se que muitos asilos funcionam sem registro, são irregulares e predomina o caráter filantrópico e assistencial com voluntários. Estima-se que cerca de 26% dos idosos vivam em situações precárias e tenham más condições de vida.
(*) – É sócia-diretora da LB Comunica.