Neusa Romero Barazal (*)
O cenário do Brasil em 2018 é o da realização de eleições para a escolha do presidente da República, senadores e deputados federais, governadores de Estado e deputados estaduais.
Os brasileiros votantes têm por responsabilidade eleger os personagens que deverão assumir os próximos mandatos em um ambiente desfavorável, devido aos constantes escândalos envolvendo a classe política. O lado positivo nesse panorama são as perceptíveis mudanças de comportamento do eleitor, que está aprendendo a valorizar seu papel na construção do processo democrático brasileiro.
Ninguém parece querer desistir da construção de um País melhor para as próximas gerações e, nesse sentido, não se pode negar a importância do acompanhamento dos programas de governo, em que os candidatos se comprometem em promessas para chamar o eleitorado, as quais devem ser cobradas durante o mandato.
Normalmente os planos de governo, especialmente os de presidenciáveis, concentram seu foco em temas como saúde, educação, segurança, transporte, dentre outros, que envolvem políticas internas. É razoável que seja assim, mas, diga-se, os políticos brasileiros precisam incluir e destacar em seus projetos algo sobre a política externa do País, totalmente esquecida nas campanhas eleitorais.
Esse fato é grave porque o Brasil faz parte do mundo e, em um mundo globalizado, não pode se dar ao luxo de olhar só para o próprio umbigo. É importante definir com quem se quer estabelecer relações para realizar trocas de amizade, de bens e de serviços mundo afora. O Brasil de hoje é conseqüência das opções políticas adotadas no passado. Pergunta-se: como o restante do mundo nos vê?
Para efeito de localização, o Brasil é um País que se acha na América do Sul, tem raízes indígenas, europeias, africanas e asiáticas, o que o interliga culturalmente com o restante dos continentes do planeta. Além dessa identificação, compartilha da realidade virtual que se encontra nas nuvens do espaço cibernético. Por tudo isso um presidenciável não pode menosprezar as relações exteriores na hora da elaborar seu programa de governo.
Não se quer aqui priorizar a política externa do Brasil em detrimento da política interna. Os eleitores brasileiros sabem que somos um País de muitas desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais, porque vivem esse drama em seu cotidiano e isso afeta a todos indiscriminadamente. É urgente que as políticas internas sejam eficientes e permitam que essa realidade dos brasileiros seja mudada o mais rápido possível.
Não se pode ignorar a importância para a sociedade globalizada das inter-relações, interconexões e interações das mais variadas naturezas nos campos da economia, da saúde, da educação, dos negócios, da cultura, das pesquisas, e de outros tantos. Quando chegar o momento da votação é bom que nos lembremos de que se de um lado somos vítimas de muitas das mazelas que vivemos na política de hoje, por outro lado, os políticos que aí estão foram escolhidos por eleitores brasileiros.
E a informação é a melhor arma na tomada de decisão do voto. Não existe fórmula pronta para se aprender democracia. É preciso ir tentando porque, ao final das contas, se esse regime é imperfeito, ainda continua sendo o mais inclusivo.
(*) – Leciona no curso Relações Internacionais da Faculdade de Ciências Econômicas do Centro Universitário Fundação Santo André.