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E-commerce no Agronegócio

em Artigos
quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Imagem: AI/Helenice Moura

Helenice Moura (*)

 A transformação digital está relacionada não apenas as máquinas e aos equipamentos, mas em toda uma revolução cultural e social do setor de agro no país. Hoje acontece um grande movimento de inversão de poderes. Só para ter uma ideia, uma única pessoa pode destruir todo um trabalho de marca apenas com um post nas redes sociais.

Todo o modelo do agronegócio está sendo reestruturado com a transformação digital. O Agro está rompendo as barreiras entre o que produz e o que consome. Outro ponto super forte acontece em maior ou menor escala nas empresas de todos os segmentos, pois elas estão se reinventando, e isso é muito positivo para toda sociedade.

À medida que novos modelos de negócio surgem e que as relações entre produtores e consumidores ficam mais fortes, observamos que toda a sociedade está mais conectada e pronta para adotar modelos de negócio mais saudáveis e competitivos. A transformação digital é a grande força motora do agronegócio neste momento.

E, quando falamos de e-commerce? Parece um bicho de sete cabeças, né? Há quem diga ser só colocar uma lojinha no ar (coisa que você pode fazer gratuitamente na internet), e há quem diga ser algo extremamente complexo que depende de milhões de investimento. A realidade é que quem chega primeiro “bebe água limpa” e ter força de vendas online hoje associado à loja virtual e redes sociais é primordial para sustentabilidade do agronegócio a médio e longo prazo.

Só para ter uma ideia: mais de 33% dos agricultores já estão dispostos a comprar insumos online nas próximas duas safras, segunda uma pesquisa da Mackinsey de maio deste ano. Ter uma loja online envolve diversos fatores: desde a criação da loja a um modelo de faturamento, logística, atendimento ao cliente, entre outros. É um processo que pode transformar e envolver todas as partes da empresa, por isso, precisa ser iniciado quanto antes.

Outro dado importante: mais de 77% dos produtores rurais usam WhatsApp todos os dias para resolver questões relacionadas a fazenda (segundo pesquisa da Mackinsey). Neste momento, o e-commerce é muito mais utilizado para base de pesquisa, comparação e consultas, pois as vendas de maior valor agregado ainda são fechadas pessoalmente. Porém, a pandemia, a crescente busca pelo aumento da produtividade no campo e a troca de gerações estão forçando o crescimento do comércio eletrônico. A comodidade de pesquisar online, encontrar as melhores soluções que se adéquam a sua necessidade, tem sido cada vez mais valorizada pelo homem do campo, em contrapartida, o crescimento das Agrofintechs (startups de financiamento de safra e insumos online), está levando o produtor rural cada vez mais para o ambiente online.

Ganhos da transformação digital

Para os produtores as maiores facilidades são ganhos de competitividade, pois conseguem comparar melhor, comprar mais rápido e muitas vezes em conjunto, como já acontece na Argentina com o movimento Farmers.  Para as empresas que vendem as vantagens são ainda maiores porque conseguem atingir mais produtores de todos os tamanhos com a mesma experiência e qualidade. Além disso, a aproximação entre indústria e produtor rural no e-commerce ajuda a indústria a entender melhor o comportamento do produtor rural e otimizar seus produtos e serviços. As barreiras geográficas que sempre foram tão importantes no campo, agora não existem mais.

Dica valiosa

Para montar um e-commerce no ambiente do agronegócio é preciso muito planejamento. Muitas empresas preocupam-se apenas com a tecnologia, plataforma e logística, porém o mais importante é olhar para dentro e entender o que precisa ser estruturado para garantir uma ótima experiência para o produtor rural ou consumidor do e-commerce. Como dizemos: “o problema está da porteira pra dentro”. No e-commerce não tem fórmula pronta, pois o segredo é tentativa e erro dentro de um método. Estamos na fase inicial do e-commerce onde é preciso ganhar a confiança do produtor rural e para ganhar essa confiança, precisamos entregar uma experiência incrível. Então prepara-se! Quem ainda não está estruturando sua presença digital deve começar imediatamente.

(*) É presidente do Comitê de Líderes de e-commerce, fundadora da A Liga Digital – projeto social que leva jovens de periferia para o mercado digital. Também é comentarista da Record News, no programa sobre e-commerce, é Google Partner desde 2008 e possui MBA em Business Intelligence pela FIAP. Além disso, possui especialização em Gerência Comercial pela FGV, é sócia fundadora de startups de Marketing Digital, atua neste segmento desde 2005. Teve passagens por grandes empresas, como Terra, Scup, foi sócia diretora da Ativi Intellingence Marketing. No meio acadêmico é professora das disciplinas de Marketing Digital, Influencers e Novas Mídias. Também foi responsável por criar estratégias para marcas, como Amend Cosméticos, Sky, Ticket, Any Any, Speedo, Abilio Diniz, Banco Carrefour, Atacadão, Mapfre e Braskem.