Nilson Leitão (*)
Mentir para o PT, de Lula e Dilma, é um ato compulsivo, um desvio de caráter.
A presidente Dilma não só ganhou as eleições contando mentiras, como assumiu o governo da mesma forma – anunciou, com toda pompa e circunstância, que o lema do seu segundo mandato seria “Brasil, Pátria Educadora”. Foi só descer do palanque que a promessa se esfacelou confrontada com a realidade de um governo sem rumo.
A começar pela escolha do ministro da Educação. Cid Gomes foi colocado no cargo não pelos seus feitos ou conhecimentos notórios na área, mas para atender ao seu partido. Mal esquentou a cadeira. Ele, que já havia se indisposto com os docentes do seu Estado ao dizer, durante greve da categoria, que professores deveriam trabalhar por amor, saiu do MEC em março, depois de ter chamado parlamentares aliados do governo Dilma de achacadores.
O tal ajuste fiscal da presidente Dilma, que, na verdade, é um arrocho contra os brasileiros, atingiu em cheio o ministério da Pátria Educadora. O MEC sofreu cortes de R$ 9,3 bilhões em seu orçamento, o terceiro maior entre as 39 pastas, e os programas estão às minguas, prejudicando os estudantes.
Quem não se lembra do debate em que a presidente Dilma orientou uma economista a se matricular no Pronatec para sair do desemprego? Uma das vitrines do governo petista, o Pronatec foi desidratado. Depois de o governo atrasar o pagamento do programa às entidades parceiras, a abertura de novas turmas foi atrasada duas vezes – primeiro seria em maio, depois foi adiado junho e agora está previsto para o fim deste mês. Esse adiamento vai comprometer uma segunda chamada, prejudicando cerca de 200 mil estudantes.
O Fies, programa de financiamento estudantil, deverá atender este ano 324 mil alunos. Menos da metade dos 732 mil contratos do ano passado, ano eleitoral. Além disso, o governo Dilma restringiu o programa com novas regras. As taxas de juros subiram de 3,4% para 6,5% ao ano e só poderão obter o Fies alunos com renda familiar mensal bruta de até dois salários e meio. Antes, o limite eram 20 salários.
Outra propaganda petista gerou uma saia justa na visita da presidente Dilma aos Estados Unidos. Os americanos cobraram do governo brasileiro os pagamentos atrasados do programa Ciências Sem Fronteiras, de concessão de bolsas de estudos em universidades estrangeiras: a dívida relativa ao primeiro semestre deste ano superava US$ 300 milhões, além de cerca de US$ 40 milhões do segundo semestre de 2014. O atraso provocou “vergonha alheia” nos Estados Unidos: se o pagamento não fosse feito, o calote poderia vir a público e constranger a presidente Dilma durante a visita.
E a lista de calotes e atrasos é grande – neste ano o MEC atrasou o pagamento de bolsas a 423 mil professores da Educação básica e, na semana passada, anunciou o cancelamento da ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização) este ano. A prova avalia o desempenho de todas as crianças do 3.º ano do ensino fundamental de escolas públicas e é prevista na legislação para ocorrer todos os anos. Nem as universidades não foram poupadas. Mndou cortar 45% do orçamento das 63 universidades federais e, por falta de estrutura, os professores ameaçam entrar em greve.
Esse cenário que mistura mentiras, cortes e calotes não se restringe apenas à Educação. É geral. Atinge obras, fornecedores do governo e os trabalhadores, especialmente os que ganham menos. Na semana passada o governo Dilma anunciou que vai pagar metade do abono salarial apenas no ano que vem. Ou seja, aqueles que ganham de 1 a 2 salários mínimos e que, por causa da crise, esperavam o benefício para dar uma aliviada nas contas, vão ter de se virar.
Tudo porque a presidente Dilma não tem competência para governar e, de tanto mentir, caiu no descrédito completo. Não é à toa que apenas 9% dos brasileiros aprovam o seu governo. Como bem disse o ex-presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln: não se pode enganar a todos o tempo todo. E lá se foram 13 anos em que o Brasil foi enganado e os danos desse tempo demandarão anos para serem amortizados.
(*) – É deputado federal e líder interino do PSDB na Câmara.